Economia Titulo Idade
Profissional com mais de 40 anos tem dificuldade de recolocação
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
05/01/2015 | 07:00
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Quem ficou desempregado após os 40 anos tem mais dificuldade de se recolocar no mercado de trabalho. A afirmação foi comprovada por pesquisa realizada pelo portal de recrutamento Vagas.com junto a dois públicos envolvidos, as empresas contratantes e os próprios profissionais, para compreender a empregabilidade desse público no cenário atual.

Pelo levantamento, há entraves para a contratação dessas pessoas mais experientes, já que que a maioria das companhias consultadas (62,2%) resiste em admitir quem está (ou já passou) dessa faixa etária, por fatores como salários elevados (56%), perfil conservador (40,6%) e o que consideram pouco respeito deles pela gestão de pessoas mais jovens (30,5%). Também aparece na lista característica pouco inovadora (26,5%), idade (23%) e conhecimento técnico defasado (19,7%).

A pesquisa aponta ainda que muitas empresas até contratam profissionais nessa faixa etária, mas para posições mais estratégicas, para cargos de gestão (77,7%) e alta gestão (58%). Porém, isso ocorre com baixa frequência, já que nem sempre há vagas para esse tipo de demanda.

Ocorrem, mais frequentemente, oportunidades na área operacional (48%), como porteiro, vigilante, faxineiro etc. “Os jovens que vão ingressar no mercado não se dispõem a trabalhar nessas áreas”, diz Rafael Urbano, coordenador do estudo na Vagas.com.

Ao mesmo tempo, as companhias que admitem pessoas acima dos 40 identificam vantagens nesses trabalhadores, por características como maturidade (81,4%), experiência de mercado (80,4%), conhecimento técnico (70,1%) e experiência de vida (69,1%).

PROFISSIONAIS

A Vagas.com também ouviu pessoas com mais de 40 para saber os desafios que encontravam para a recolocação no mercado de trabalho. O que mais prevaleceu foi o preconceito das empresas (na opinião de 59,8%).

Em seguida aparecem: aceitar salários mais baixos para não perder a oportunidade (43,9%), omitir verdadeira qualificação para não deixar passar a vaga (14,4%) e fazer pós-graduação, MBA e mestrado (14,2%).

Ainda de acordo com o levantamento, para parte (26,3%) dos profissionais atuar em outra área é uma alternativa e outros 14,4% revelaram que pretendem abrir negócio próprio, mas 46,2% disseram que não pretendem mudar de profissão.

Empreender é visto como alternativa

Para o microempresário de São Caetano Walmir Camilo, 51 anos, ter um negócio próprio foi a opção diante da dificuldade de se recolocar profissionalmente. Hoje ele tem uma marcenaria. Quando tinha 47, perdeu o emprego de gerente regional de vendas com a responsabilidade de comandar 700 pessoas em uma grande companhia. Na época, ele procurou, inicialmente, empresas de recolocação.

Chegou a participar de processos seletivos, sem sucesso. Ele disse que chegou a aceitar ganhar bem menos – até um quarto do que recebia antes –, pensando na possibilidade de ascender profissionalmente, mas sentiu que houve desconfiança do pessoal de RH (Recursos Humanos) de que, se surgisse oferta melhor, ele sairia. “Mas isso é uma regra do mercado, não significa que eu aceitaria (se aparecesse outra oportunidade)”, afirmou. Também não teve nenhum retorno de porque não foi escolhido.

Camilo não chegou a concluir faculdade, mas fez diversos cursos técnicos enquanto esteve empregado e adquiriu vivência na área comercial. Ele cita, no entanto, que têm gente na sua faixa etária com maior formação acadêmica, com nível superior, pós-graduação e MBA, que também enfrenta dificuldades de recolocação no mercado.

É o caso de Alberto Elias, 52. Com pós e MBA, ele trabalhou longos anos como gerente regional em multinacional atuando na área de logística e supply chain (em inglês, cadeia de fornecimento). “Mudou a direção (da empresa) e fui demitido, depois de 20 anos”, afirma.

Desempregado desde maio, ele sente que a idade é um fator de exclusão, em processos seletivos. E apesar de aceitar ganhar 40% do que recebia, entende que a dificuldade na concorrência com pessoas mais jovens. “Graças a Deus tenho reservas, vou me dar um prazo, até fevereiro, se não acontecer (a recolocação), vou tentar empreender alguma coisa na área que eu conheço”, diz. 




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