Política Titulo Monitoramento
Câmera em S.Caetano não registra ameaça

Sem funcionar desde 2013, circuito interno do
Executivo não grava briga de Chico Bento e Pádua

Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
23/12/2014 | 07:01
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Orlando Filho/DGABC


O circuito interno de câmeras de segurança da Prefeitura de São Caetano não flagrou a suposta ameaça e cárcere privado do vereador Chico Bento (PP) contra o ex-articulador político do Paço Antonio de Pádua Tortorello, na segunda-feira passada. O motivo é que o sistema de monitoramento do Palácio da Cerâmica está sem funcionar, de acordo com a administração, desde janeiro de 2013.

A Prefeitura informou, no entanto, que abriu processo licitatório, com objetivo de substituir os equipamentos danificados. Ainda não há data para conclusão da concorrência pública. As imagens poderiam contribuir para a investigação da Polícia Civil, formalizada pelo inquérito 4221/2014, que pretende ouvir as cinco testemunhas relatadas no BO (Boletim de Ocorrência) 5528/2014, incluindo o prefeito Paulo Pinheiro (PMDB).

O caso foi denunciado por Pádua, que relatou ao Diário ter sido responsabilizado por Chico Bento pela derrota na eleição interna do Legislativo. Segundo Pádua, Chico o acusou de traição e de ter conspirado para a eleição de Paulo Bottura (Pros) como presidente da Câmara apoiado pela bancada de oposição. O ex-articulador alegou ter sido trancado pelo vereador em sua própria sala e ameaçado com peixeira em seu pescoço para pedir exoneração. Na sequência, o progressista teria levado Pinheiro ao recinto e, novamente, trancado a porta para a formalização da demissão.

Chico Bento divulgou nota dois dias após o ocorrido admitindo o desentendimento por questões políticas com Pádua, mas negou uso da peixeira. O vereador ainda argumentou que a situação ficou ruim quando disse ter conhecimento de provas que poderiam condenar o ex-articulador no caso do empreiteiro Antônio José Cressoni, investigado pela Justiça por obras superfaturadas e lavagem de dinheiro.

Pinheiro deu versão semelhante à de seu ex-candidato à presidência do Legislativo sobre o caso. O prefeito também admitiu o desentendimento entre os dois, porém, negou o uso de arma branca na situação. O peemedebista disse que trabalharia para apaziguar a situação e aceitou o pedido “forçado” de afastamento de Pádua, que só não foi exonerado por ser funcionário de carreira do DAE (Departamento de Água e Esgoto).

Petista quer posicionamento do partido sobre o episódio

Integrante do diretório municipal do PT de São Caetano, Chicão Ribeiro defendeu discussão interna para posicionamento sobre o polêmico caso da ameaça do vereador Chico Bento (PP) contra o ex-articulador político Antonio de Pádua Tortorello, ocorrida nas dependências do Palácio da Cerâmica. O tema, porém, ainda não chegou a ser tratado formalmente no corpo administrativo da sigla.

“Apesar de não nos envolver, acredito que é questão grave. É denúncia de ameaça, uso de peixeira dentro da Prefeitura. Vou conversar com o (presidente) Márcio (Della Bella) e o diretório para ver como vamos tratar esse assunto, vamos debater e ver se nos posicionamos”, pediu Chicão.

Della Bella afirmou que não vê propósito para levar a discussão ao PT. “É briga de marido e mulher. É difícil a gente falar qualquer coisa. São duas versões colocadas (a do Chico Bento e a do Pádua) e não estávamos presentes. Se ele entrou com uma faca, é muito grave. Mas o próprio prefeito desmentiu”, declarou.

O desentendimento foi motivado pela vitória de Paulo Bottura (Pros) por 11 votos a oito contra Chico Bento na eleição à presidência do Legislativo. O candidato do governo dava como certa a vitória até a véspera do pleito, quando o ex-prefeito e atual secretário paulista de Esporte, Lazer e Juventude, José Auricchio Júnior (PTB), articulou adesão de três votos ao candidato da oposição. “A própria eleição da Câmara é distante. Fica só entre vereadores, em sigilo. A gente está meio longe disso. Se houve traição do Pádua ou não é complicado dizer”, completou Della Bella.

Representante do PT na Câmara, Pio Mielo também defende que o partido não se envolva no caso. “É discussão que não atinge o partido em nada. É discussão simplesmente da base, sem pé nem cabeça. Não vejo o porquê o PT precisaria se posicionar neste tema. Há outros temas para discutirmos que nos dizem respeito”, comentou o vereador.




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