Carlos Boschetti Titulo Contas públicas
A irresponsabilidade fiscal do governo
Carlos Boschetti
04/12/2014 | 07:05
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Estamos em uma recessão técnica e já entramos em uma crise financeira por méritos próprios, na contramão da economia global, que está em processo de recuperação da crise internacional. O ano de 2014 ainda não terminou e o governo federal está mais uma vez tentando burlar as leis e encontrar caminhos criativos para justificar o rombo das finanças públicas, estimado em mais de R$ 114 bilhões, devido à queda de arrecadação, queda no consumo e os presentes a setores que receberam desonerações fiscais na ordem de R$ 84 bilhões estimados para este ano.

Uma gestão pública que não cumpre com suas obrigações mínimas de gastar menos do que arrecada é como uma família que nunca gera uma poupança para se prevenir das incertezas e vive no negativo, e que passa de banco em banco pedindo empréstimos que serão pagos a taxa Selic, que cresce mês a mês para conter a inflação. Como resultado, aumenta a dívida pública. Vivemos um círculo vicioso ao longo de nossa história. Todos os fundamentos macroeconômicos estão sendo desrespeitados por vários presidentes ao longo das ultimas décadas. O principal compromisso é fechar as contas e obrigações através do superavit fiscal em torno de 6,5% do PIB, que permitiria honrar todos os compromissos sociais, econômicos, financeiros e de investimentos para promover o crescimento tão necessário para fomentar a empregabilidade e a massa salarial.

Todavia, estamos do lado oposto do desenvolvimento global. Os Estados Unidos anunciam a retomada da economia com um crescimento de 3,9% no terceiro trimestre de 2014. Provavelmente vão consolidar a retomada com um desempenho acima de 4% para este ano. A China anunciou medidas para estímulo da produção. Querem pegar carona no crescimento americano e estimam um desempenho superior de dois dígitos para os próximos anos. A União Europeia está deixando a UTI. Eles também deliberaram, por meio do presidente do Parlamento Europeu, sobre um novo programa de estímulos de recuperação dos investimentos, estimados em mais de 300 bilhões de euros a partir de 2015. Enquanto os países estão se estruturando para o aquecimento econômico, estamos queimando nossas reservas cambiais para cobrir o deficit da balança comercial que deve ultrapassar a US$ 90 bilhões neste ano.

Além disso, a nova equipe econômica que nem assumiu o desafio, tem de encontrar soluções milagrosas para pagar o prejuízo de 2014 e já sabendo que o orçamento previsto para 2015 possui um rombo de mais de R$ 100 bilhões.

Para um bom entendedor, meias palavras definem a situação crítica que nos encontramos e a solução simplista de nossos governantes é aumentar impostos, repassando o custo para toda sociedade. Um exemplo é mais um aumento de combustível e a reativação da Cide, um imposto sobre cada litro de gasolina vendido podendo chegar até de R$ 0,28 por litro direto na bomba dos postos. Também vemos um aumento do IPI para os automóveis e outros produtos para recuperarem o caixa do governo. Portanto, a conclusão é de que, mais uma vez, vamos continuar pagando a conta da irresponsabilidade fiscal de nossos governantes. Quando vamos acordar e cobrar mais seriedade e competência para os gestores públicos? 




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