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Regiane Alves: a chata de 'Mulheres Apaixonadas'
Renata Petrocelli
Da TV Press
11/03/2003 | 09:25
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Às vésperas de completar 25 anos, a atriz andreense Regiane Alves não se importa de interpretar mais uma adolescente na TV. Depois da descolada Letícia, de Desejos de Mulher, que vivia às voltas com o primeiro amor e com os conflitos próprios da idade que não é a dela, a atriz dá vida a outra personagem de 17 anos: a egoísta Dóris, de Mulheres Apaixonadas. Longe de se preocupar em ficar rotulada como eterna garotinha, o que ela quer mesmo é aproveitar a fase enquanto puder. “Acho que só tenho a ganhar com o rostinho de menina. Quando tiver 30 anos, começo a viver as mulheres de 25”, afirma, com um sorriso maroto. A tranqüilidade é fruto de uma carreira rica em tipos bem distintos, como a introspectiva e heróica Rosália, de A Muralha, em 2000, e a insuportável Clara, de Laços de Família, em 2001.

A chatice de Clara, aliás, fez a atriz pensar duas vezes antes de encarar um novo papel “do mal”. Mas ficou tão orgulhosa de ouvir do autor que Dóris tinha sido escrita especialmente para ela que superou a resistência a um novo papel de chata. Ela sabe que o egoísmo da personagem despertará a ira do público. Afinal, Dóris maltrata os avós, interpretados por Carmem Silva e Oswaldo Louzada, fazendo de tudo para expulsá-los de casa e alcançar seu maior desejo: um quarto só seu. Mas a atriz prefere encarar o trabalho pelo lado positivo. “Ela é o instrumento do Maneco na campanha da terceira idade. Meu objetivo é conscientizar as pessoas para um sério problema do país”, afirma, citando estatísticas que colocam em torno de 15 mil o número de idosos vítimas de maus-tratos domésticos no Brasil.

Apesar da postura consciente, Regiane tenta entender as razões de Dóris. Durante toda a adolescência, quando ainda morava em Santo André, onde nasceu, a atriz dividiu um quarto com o irmão e também sonhava com um espaço só seu. “O quarto é o mundo do adolescente”, afirma. Além disso, ela imagina que deve ser difícil conviver com pessoas idosas em casa. “Já é difícil conviver com os pais, com marido. Os idosos têm os hábitos deles, precisam ter seu espaço e exigem cuidados”, diz.

Vivendo como uma legítima carioca nos últimos três anos, a atriz estranhou o Rio nos primeiros momentos. Era sua estréia na Globo e Rosália, de A Muralha, tinha uma forte carga dramática. Além disso, ela não conhecia ninguém na cidade e estranhava ver as pessoas de biquíni por todos os lados. “Até na fila do banco!”, diz, ainda surpresa. Hoje, no entanto, ela não consegue deixar de dar suas pedaladas no calçadão da Barra da Tijuca ou um mergulho no mar depois do trabalho.

Enquanto curte os primeiros momentos da trama de Manoel Carlos, Regiane aguarda com ansiedade o lançamento de Onde Anda Você?, de Sérgio Rezende, que deve acontecer em setembro. Apesar de ser seu segundo trabalho no cinema, o longa tem cara de estréia, já que O Dono do Mar, de Odorico Mendes, ainda não entrou em exibição. “Acho que vou sair carregada da sessão, de tão nervosa. Este filme pode ser um marco na minha carreira”, afirma.

Tempo ao tempo – Lidar com a exposição do próprio corpo nunca foi uma tarefa fácil para Regiane Alves. No começo da carreira, ela chegou a pedir para não fazer cenas de nudez e até para não aparecer de calcinha e sutiã em frente às câmaras. O pudor é atribuído à criação em São Paulo, que ela considera bem diferente do Rio. “No Rio, as pessoas curtem um corpo malhado, bonito. Os paulistas cultivam mais elegância”, diz.

A timidez excessiva, no entanto, foi embora com o passar dos anos. Hoje, Regiane já admite protagonizar cenas mais sensuais. Tanto que no filme Onde Anda Você? fez sua primeira cena nua. E chegou a se surpreender com a própria reação. “Foi tão tranqüilo que pensei: Nossa, como cresci!. Acho que faz parte de um processo de aceitação”, diz a atriz, que fez um ensaio sensual para a revista Vip no ano passado. Em Mulheres Apaixonadas, ela já fez cenas em que Dóris percorre toda a casa só de calcinha e sutiã. “Chega uma hora em que o ator tem de perder este preconceito, este pudor. Nesta novela mesmo, todo mundo aparece tomando banho!”, afirma.

Mas a atriz é categórica ao avisar que foge da gratuidade. Explorar o lado sensual só estará em seus planos dentro de um contexto apropriado. “Não sou o tipo de atriz que precisa banalizar o corpo. Tenho mais a oferecer”, diz.




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