Em uma operação que contou com apoio da Polícia Militar, começou ontem a retirada de 33 das 560 famílias que vivem em áreas consideradas de alto risco em terreno da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), no Jardim Santo André, em Santo André. A previsão é de que até o fim de janeiro as famílias restantes também sejam removidas pela companhia.

Parte delas optou por se mudar para a casa de vizinhos, enquanto outras foram alojadas no Complexo Esportivo Pedro Dell'Antonia, na Vila América. A reportagem foi impedida de entrar no local por uma funcionária da CDHU, que ainda ameaçou expulsar quem desse entrevista.

DESOCUPAÇÃO - Eram 8h quando oficiais de Justiça apoiados por 48 policiais militares subiram as íngrimes vielas de terra do Jardim Santo André para cumprir a ordem de reintegração de posse da área.

Algumas famílias foram pegas de surpresa. "Não deixaram os meus filhos terminarem de tomar o café da manhã. Ainda não sei para onde vou, mas para um abrigo não será", destacou a dona de casa Rita de Oliveira, que há nove anos vivia com o marido e três filhos em um barraco de madeira.

Responsável pela coordenação da operação, o advogado da CDHU Vitor Custódio Tavares afirmou que nenhuma família deixou de ser avisada a respeito da necessidade de desocupação. "Obtivemos resultados satisfatórios, sem ações violentas por parte dos moradores", completou.

HISTÓRICO - Desde novembro, a CDHU trabalha na remoção de 1.937 famílias que vivem em áreas de risco no Jardim Santo André. Naquele mês, parte delas foi alojadas em uma creche inacabada no bairro, enquanto não conseguia arranjar uma nova moradia com os R$ 4.500 fornecidos pela companhia.

O valor dessa indenização é criticado por parte dos desabrigados. "O que eles pagam é muito pouco. Achei um barraco no (núcleo) João Ramalho, em que o esgoto escorria do lado da porta. Mas o valor dele era de R$ 8.000", reclamou o serralheiro Fernando da Silva, 36, um dos que tiveram a casa demolida ontem.