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‘Aceito um coronel da PM na SSP’
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
28/01/2006 | 08:59
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O recém-empossado presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, André Luiz Martins Di Rissio Barbosa, aproveitou o ano eleitoral em que se escolherá o próximo governador do Estado para fincar três bandeiras defendidas pela categoria. Ele classifica como mais urgente a campanha pelo aumento salarial dos delegados.

As outras duas reivindicações convergem-se nas chefias da polícia. Di Rissio defende o voto direto dentro da categoria para escolha do delegado-geral de polícia e afirma não aceitar mais promotores de Justiça no cargo de secretário estadual da Segurança Pública. “A-ceito com tranqüilidade um coronel da Polícia Militar na posição de secretário”, disse André Di Rissio, em entrevista concedida ao Diário.

Di Rissio tem 41 anos – é o mais jovem presidente da história da associação paulista de delegados. Em sua carreira profissional, trabalhou no Grande ABC. Foi delegado dos 1ºs DPs de Santo André e São Caetano e secretário de Assuntos Jurídicos de Diadema na segunda gestão de Gilson Meneses (1997 a 2000). É franco opositor à iniciativa do Ministério Público de realizar investigações criminais.

“Eu sou um legalista. Todo delegado de polícia é legalista. Eu concordo (com investigação do Ministério Público) se houver lei prevendo essa atribuição. E insisto: Ministério Público não pode investigar porque é a parte (de acusação nos processos criminais)”, argumenta Di Rissio.

Eleito com mais da metade do total de 2 mil votos dos colegas, e empossado em 11 de janeiro, Di Rissio não poupa palavras para criticar a atual gestão do governo do Estado. Sustenta afirmações de que, quando a polícia faz um bom trabalho, o mérito todo vai para o secretário da Segurança Pública. Quando não, a culpa é dos policiais e delegados. Vai além – diz que promotores de Justiça, como o atual secretário Saulo de Castro Abreu Filho, e alguns antecessores – não entendem nada de políticas de segurança pública.

“A estatística criminal fria cai, mas a sensação de insegurança aumenta entre a população. É paradoxal. O governo ba-te no peito e diz: ‘Eu tenho a melhor polícia do Brasil’. Se tem a melhor polícia do Brasil, por que paga de maneira vergonhosa a Polícia de São Paulo? Antes de qualquer medida, o profissional da polícia tem de ser valorizado.”

De acordo com a associação, os delegados da polícia paulista recebem o menor salário inicial dos 27 Estados brasileiros. Um delegado plantonista em São Paulo ganha em média R$ 3 mil mensais. O mesmo profissional é remunerado com R$ 8.500 por mês em Mato Grosso, Estado que paga o maior piso à categoria.

Em São Paulo, um delegado titular (chefe de DP) tem vencimentos mensais de R$ 5 mil. O maior salário entre os delegados de São Paulo é de R$ 7.628,72. “Nada justifica um promotor de Justiça recém-saído do concurso ganhar mais que o maior salário da Polícia Civil”, diz Di Rissio. “Hoje, os delegados paulistas trabalham motivados porque têm amor à camisa, mas não há motivação por meio dos vencimentos.”

Ele aproveita o ano de eleições estaduais para deixar um recado. “Não admito mais a possibilidade de o próximo governador ou governadora entregar a cadeira de secretário da Segurança novamente a um promotor de Justiça.”

O delegado demonstra interesse em unir policiais civis e militares na defesa dessa reivindicação. Ensaia um convite de aproximação. “A-ceito com tranqüilidade um coronel da Polícia Militar (no cargo de secretário), como já tivemos. Também aceito com tranqüilidade um colega delegado. Aceito com tranqüilidade um rodízio e aceito com tranqüilidade a extensão da pasta, ou seja, a polícia se reportar diretamente ao governador”, diz.

A terceira e “não menos importante” bandeira fixada por Di Rissio é sobre a escolha do delegado-geral de polícia. Ele quer que o chefe da Polícia Civil seja eleito pela categoria em voto direito, por lista tríplice – três nomes são sugeridos ao governador. A-tualmente, o delegado-geral de polícia é indicado pelo governador.




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