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Conservatório de SP renasce com arte
Por Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
15/09/2002 | 19:43
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  O decadente edifício do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, na avenida São João, número 269, há décadas abandonado, começa a receber esta semana restauros na fachada. Na terça, será inaugurada no local a exposição Panorama Cosmopolita, com a participação de jovens artistas do Grande ABC. As duas medidas têm como objetivo inserir novamente a instituição no cenário cultural paulistano.

O restauro da fachada, além de resgatar a beleza da centenária construção, também tem um caráter social. O trabalho se dá por meio do Projeto Oficina-Escola de Artes e Ofícios, coordenado por Júlio Barros, que restaurou as fachadas do Pelourinho, em Salvador (BA). O projeto conta com o serviço de 20 jovens carentes de 16 a 21 anos, que serão certificados pelo Sebrae como Artífices Restauradores.

Os jovens têm aulas teóricas de restauração desde o início de agosto passado. Agora, eles começam a colocar em prática o que aprenderam. Depois do restauro da fachada, o passo previsto é a recuperação do hall de entrada do espaço.

A exposição Panorama Cosmopolita, com curadoria de Marcos Marin e Jackie Bertin, reúne (a partir das 20h de terça e até 6 de outubro) obras de artistas contemporâneos brasileiros, franceses, italianos, argentinos e chilenos.

A realização é do Memória Viva, um grupo autônomo composto por membros da Rede de Agentes Culturais de São Paulo, apoiada pelo Sebrae. Este deve ser o primeiro de uma série de eventos a serem realizados no espaço.

Da região, participam da mostra os artistas plásticos Robert Richard e Damara Bianconi. Assim como Richard e Damara, Alzira Fragoso e João Generoso, também com obras expostas, integram a Associação Brasileira dos Artistas Plásticos de Colagem, com sede em Mauá.

A visitação à mostra, com entrada franca, acontece de segunda a sexta, das 14h às 17h30, e aos sábados, das 10h às 13h. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones 4577-5731 e 6606-5559.

Ponto de encontro - Em estilo neoclássico, projeto do arquiteto Guilherme Von Eye concluído em 1895, o prédio abriga o conservatório desde 1909. O local, também conhecido como Casa de Mário de Andrade, foi ponto de encontro dos modernistas da Semana de 22. A construção é tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).

Assim como o prédio, a escola de música clássica, que já foi considerada a melhor da América Latina, servindo de modelo a tantas outras, hoje passa por maus bocados. Camargo Guarnieri, Francisco Mignone, Guiomar Novaes, Frutuoso Viana e Dinorah de Carvalho foram alguns dos músicos que lá estudaram. Atualmente, os professores se submetem a remuneração inferior a R$ 3 por aula. Segundo o diretor do Conservatório, Júlio da Cruz Navega Neto, o que move os profissionais da instituição é o amor ao trabalho.

O fundo do conservatório foi demolido e cedeu espaço para um prédio de seis andares, erguido em 1980. Hoje, a entrada da instituição é pela rua Conselheiro Crispiniano, número 378.




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