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Bye Bye colégio
Por Marcela Munhoz
Do Diário do Grande ABC
20/02/2011 | 07:02
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Todo fim de ano rola uma despedida dos amigos e a promessa de contar as novidades das férias em detalhes quando retornar as aulas. Assim, mais um ano escolar começa e a saudade é rapidamente aniquilada. Só que chega um momento em que o colégio, simplesmente, acaba. O que fazer? Muitos alunos do terceiro ano do Ensino Médio estão vivendo esse dilema. 2011 é o último ano de uma era; 2012 será o começo de uma outra novinha.

"É tenso não saber o que vai acontecer daqui pra frente, mas, ao mesmo tempo, estou ansiosa em descobrir", diz Amanda Araújo, 17 anos, de Diadema. Ansiedade, medo, pressão, insegurança, nervosismo são sentimentos comuns a quem tem medo de mudanças (a maioria das pessoas é assim!). A psicopedagoga Maria Irene Maluf compara a sensação de deixar o colégio aos preparativos de um casamento. "Ideias horríveis do que pode acontecer passam pela cabeça das pessoas. Não é fácil enfrentar um caminho desconhecido, mas isso faz parte."

O processo de ter de começar tudo de novo em outro lugar provoca insegurança em ser aceito ou não. "No colégio, a gente se conhece há tanto tempo que não precisa nem dizer quando quer ajuda. Até as família são amigas", conta Henrique Bagagine, 16, que está na mesmo escola desde os 6 anos.

Deixar os professores e a rotina do dia a dia também podem ser dolorosos, uma vez que o tempo faz a gente confiar no que conhece. "Todos vão passar por isso e superar, como eu já fiz", diz Amanda Silva, 16, que precisou mudar de escola no 9º ano. Situação semelhante foi vivida por João Vitor Correa, 16, que foi bem recebido pelo grupo. "Acredito que também vai ser assim na faculdade."

PANELA DE PRESSÃO

Mais do que o medo do desconhecido, os alunos do terceirão ainda enfrentam um outro monstro: o vestibular. "É muita pressão e uma infinidade de coisas para fazer. Parece que não vai dar tempo de nada", fala Thatiane Ueti, 16, de São Caetano. Os alunos reclamam que professores e pais exigem demais e que eles não conseguem conciliar a despedida dos amigos com a responsabilidade de escolher o que vão fazer para o resto da vida.

Para tentar aliviar um pouco, Paulina Bastos, 16, decidiu que vai esperar um pouco para ter certeza do que deseja cursar. Já Tárik Carrenho, 16, quer seguir carreira militar, o que exige grande empenho por ser uma das mais disputadas. "Estou um pouco atrasado e sei que preciso correr, mas quero aproveitar o último ano."

 

Namoro e amizade conseguem sobreviver?

Amizade não é só convivência. Ela pode sobreviver sim, se for verdadeira. Mas é preciso esforço dos dois lados para manter contato, segundo a psicopedagoga Maria Irene. É nisso também que João Vitor Correa, 16, acredita. "A gente sempre vai dar um jeito de se encontrar. Hoje, com a internet, não tem desculpa. Eu não estou preocupado com isso."

No colégio de João, a turma está organizando festa de formatura e viagem de despedida. "A galera ainda não chegou a um acordo quanto ao lugar, mas vou aproveitar bastante esta oportunidade." Para Amanda Silva, 16, sair da escola não significa perder a amizade. "Vejo o exemplo da minha mãe. Até hoje ela faz questão de encontrar as amigas do colégio dela. Quero que comigo seja assim também."

E não é porque os amigos vão se distanciar que o isolamento e a solidão vão servir de desculpas. Aproveite que uma nova turma da faculdade vai chegar. "Acho que como todo mundo tem os mesmos interesses, a convivência não é tão difícil. A classe da universidade é feita de alunos jovens e também de mais velhos, que podem transmitir experiência e passar dicas preciosas", observa Amanda Silva, 16.

E o namoro pode transpassar as barreiras do colégio? Para o casal Jean Carlos Amadeu, 16, e Marina Morgade, 16, de São Caetano, a resposta é sim. "Escolhemos faculdades de São Paulo. Se tudo der certo, podemos estudar em prédios vizinhos no mesmo campus. Estamos torcendo por isso", conta Jean, que vai cursar matemática. A garota - que pretende prestar engenharia - também acredita que quem termina o namoro por causa de universidade está arranjando uma tremenda desculpa. "Se os dois se gostam, é possível ficar juntos."

 

Novo ciclo gera grande expectativa

Separar dos amigos e professores, ter o desafio de conquistar novas pessoas e ainda se adaptar ao método de ensino e à nova rotina, não são privilégios apenas dos estudantes do último ano do Ensino Médio. Alguns mais novos - do 9º ano do Fundamental - também passam por isso. Martina Garanovschi, 13 anos, de Santo André, está prestes a mudar. No colégio onde cursa o último ano não há Ensino Médio.

"Dá frio na barriga. Estou na mesma escola desde que eu tinha 1 ano e meio. Todo mundo me conhece", diz a garota, que também está com medo das novas responsabilidades. "Meus amigos estão com as mesmas dúvidas na cabeça; acho que é normal." O que consola Martina é que ela não vai ficar completamente sozinha. "Minha irmã estuda lá e algumas amigas vão mudar para o mesmo lugar. Mesmo assim, quero fazer novas amizades."

No caso de Paloma Hatae, 13, as mudanças ficam por conta apenas da grade curricular. "Vou continuar na mesma escola, ainda bem." Rai dos Santos, 13, também está feliz em poder manter a mesma turma no Ensino Médio. "Como tem duas salas, o máximo que pode acontecer é misturá-las, mas sou amigo de todos."

Na opinião de Gabriella Costa, 13, é muito importante participar da formatura e da viagem no 9º ano porque é um ciclo que acaba e precisa ser comemorado. Leandro Souza também quer aproveitar os amigos enquanto pode. "Quando acabar o colégio, vai ficar complicado."

 

Não é tão ruim assim - Ainda não deu tempo de Angela Osci, 18 anos, compreender direito as mudanças que estão acontecendo na vida dela, mas uma coisa é certa: está curtindo. Neste ano, passou no vestibular para Publicidade e Propaganda na USP e já começou a encarar o desafio. Estava com medo, mas foi mais fácil do que imaginava. "As pessoas interagem. Acho que é porque todo mundo está fazendo o que gosta."

Além disso, Angela já tem uma experiência de separação. Como onde cursou o Fundamental não tinha Ensino Médio, teve de dar tchau para sua turma. "Falo com alguns amigos - os verdadeiros - até hoje." A garota aproveita e manda recado para quem está chegando à universidade. "É bem legal, aproveite."

 

Encare as mudanças - Mudar é preciso. Crescer também. Então, tente levar tudo isso da melhor forma possível. Confira algumas dicas:

Tente aproveitar o último ano da melhor forma possível. Não relaxe nos estudos, mas não deixe passar oportunidades de ficar com os amigos.

Curta os professores e os funcionários do colégio.

Faça uma agenda com o contato de todo mundo. Assim não há desculpa para deixar de se encontrarem. É ótima oportunidade para contar as novas experiências.

Como ter medo do desconhecido é natural, busque todas as informações sobre o curso, o esquema da faculdade ou da nova escola e as opiniões de quem estuda lá.

Dê chance para que novas pessoas se aproximem de você. Tente conhecer todo mundo.

 

* Com a colaboração dos colégios Stagium, de Diadema, Singular, de São Caetano, e Stocco, de Santo André




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