Esportes Titulo
Mesmo sem nenhum tipo de apoio, boxe cresce no Brasil
Por Marcos Schiripa
Especial para o Diário
05/10/2000 | 00:33
Compartilhar notícia


A medalha de bronze de Servílio de Oliveira no México (1968) é a única conquista do boxe brasileiro em Jogos Olímpicos. Pouco? Para quem acompanha esse esporte no Brasil é muito, principalmente pela falta de apoio que as modalidades consideradas amadoras recebem no país.

Mas, mesmo sem a ajuda necessária, o boxe vem a cada ano atraindo mais atletas. Exemplo disso é o Campeonato Paulista de Boxe Amador que começou na terça-feira, em Sao Paulo. Cerca de 150 competidores estao inscritos, número recorde segundo a FPP (Federaçao Paulista de Pugilismo).

"Temos muitos talentos no Brasil. Falta um pouco mais de apoio, de vontade", afirma Servílio de Oliveira, que deixou de lutar em 1972, devido a um problema de saúde. Hoje, coordenador da modalidade na AD Sao Caetano, o ex-atleta aposta em pugilistas que podem atingir o seu feito.

Um deles é Antonio Cruz, 26, tricampeao estadual. Baiano de Valença (cidade a 400 km de Salvador), o atleta sonha um dia subir no lugar mais alto do pódio olímpico. "Eu nao consegui ir à Sydney (participou da seletiva), mas já estou pensando em Atenas", diz o pugilista, que estreou com vitória no Paulista. Venceu Samuel Timóteo por pontos.

Mas a vida de Antonio nao se resume apenas no objetivo olímpico. Pai de uma filha de 9 anos, ele é obrigado a trabalhar para completar o orçamento familiar. "Treino boxe de segunda à sexta-feira. Sábado e domingo, sou entregador de pizza", conta ele, que somando as duas atividades consegue arrecadar quase R$ 1 mil mensais. Mas para muitos, Cruz chega até a ser um privilegiado.

Fabiano Soares Reis, atleta do Nacional, de Sao Paulo, por exemplo, nao tem a mesma sorte. Desempregado e morador da favela do Jaçana, ele relata que se inscreveu para a disputa do Campeonato Paulista porque, a cada combate, o pugilista recebe R$ 20. "Está é uma das formas para ajudar minha família", afirma. O lutador, porém, nao passou da primeira rodada do Paulista. Foi derrotado por Sebastiao Rodrigues, do Coliseu.

Homero Silva, de Sao José do Rio Preto, é outro que sonha em se destacar no esporte. Pintor e com um renda mensal de R$ 300, o atleta também nao passou da primeira rodada. Permaneceu poucos minutos no ringue. Foi nocauteado por Anderson Clayton, do Coliseu.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;