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CDs a 'preço de banana' podem ser encontrados
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
23/03/2003 | 17:20
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É impossível alguém não se espantar ao ver um CD, que meses atrás era vendido por R$ 30 em média, colocado em uma prateleira de supermercado por menos de um terço deste preço. Fica até a dúvida se o produto é realmente original. Isso porque alguns valores são equivalentes aos de CDs falsificados. Mas, se é possível competir com os piratas, por que não fazê-lo sempre?

Na verdade, quando esses produtos chegam a supermercados e magazines a preços de banana, seu projeto já se pagou com as vendas iniciais. Ou seja, custos com aluguel de estúdio, confecção de material gráfico, marketing em TV e rádio, por exemplo, já foram cobertos. Então, podem voltar ao mercado com gastos menores. Queima de estoque é outra possibilidade. Se uma gravadora fabricou 1 milhão de CDs e vendeu apenas 500 mil, não pode ficar com os outros 500 mil encalhados.

Com essas variáveis, é claro que não há a certeza de encontrar o CD preferido ao preço desejado. A dica é pesquisar ou esperar a melhor oportunidade.

Em visitas a lojas da região, a reportagem do Diário encontrou coisas como Fábio Jr. a R$ 2,90; The Byrds a R$ 3,99; Fat Family e Tianastácia a R$ 4,90, Chico Buarque e Peppino Di Capri a R$ 6,90; Falamansa a R$ 7,99; Caetano Veloso e Claudinho & Buchecha a R$ 9,99. O que mais se encontra nessa faixa de preço, no entanto, são artistas desconhecidos, além de coletâneas e tributos com inexpressiva importância artística.

Comercial – Segundo Marcelo Muller, gerente comercial da categoria CDs do Extra Hipermercados, os valores praticados nas lojas da rede dependem da oportunidade da negociação. “Fazemos uma compra centralizada, então adquirimos um grande volume e muitos títulos diferentes”, afirma.

Esse tipo de negociação acaba prejudicando as lojas especializadas, que não têm poder de comprar quantidades elevadas e, por esse motivo, não conseguem preços melhores.

Afastando-se da política comercial das grandes lojas, está a gravadora Trama. Segundo seu presidente, André Szajman, “O varejo paga suas compras na média em 100 dias e esse prazo é longo para nós. Queremos inverter essa seta: quando eles precisarem de um artista meu, terão de aceitar minhas condições”. A atitude da gravadora visa também a encontrar seu cliente no lugar ideal. “Vamos priorizar as lojas especializadas, pois é nelas que nossos artistas têm melhor desempenho. A compra é feita com mais calma”, diz Szajman.

Os produtos da Trama não são encontrados com freqüência a preços de promoção, mas seus lançamentos conseguem manter um patamar abaixo dos valores praticados pelas grandes gravadoras. “Temos estúdio próprio, um marketing diferenciado e, provavelmente, trabalhamos com uma margem de lucro menor que a das majors”, afirma o presidente. Outros itens que compõem o preço de um CD são a carga de impostos e os direitos autorais. Procuradas pela reportagem do Diário, as gravadoras Universal, BMG e EMI não deram retorno.




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