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Peemedebista assume artilharia contra Alckmin em debate
Do Diário OnLine
12/08/2002 | 01:30
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Sem o líder nas pesquisas Paulo Maluf (PPB), que desistiu na sexta de participar, coube a Fernando Morais (PMDB) o papel de franco-atirador no debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, realizado na noite deste domingo pela Rede Bandeirantes. O alvo foi Geraldo Alckmin (PSDB), que concorre à reeleição e ocupa o segundo lugar nas pesquisas.

Exceto pelo duelo entre o tucano e o peemedebista, os candidatos prenderam-se às propostas de governo, todas muito parecidas: incremento na geração de emprego, segurança pública e habitação.

Participaram do debate Alckmin, Morais, José Genoino (PT), Antônio Cabrera (PTB), Carlos Pittoli (PSB), Ciro Moura (PTC), Carlos Apolinário (PGT), Robson Malek (Prona) e Antônio Pinheiro Pedro (PV). São 15 os candidatos a governador, mas a lei obriga as emissoras a realizar debates apenas com os candidatos com representatividade no Congresso Nacional.

Duelo - Fernando Morais aproveitou todas as chances que teve para atacar o atual governador, mesmo quando foi questionado por outros candidatos ou jornalistas sobre assuntos sem relação direta com Alckmin. Em várias oportunidades, identificou o governador com "o principado do tucanato que governa esse país há oito anos".

No segundo bloco do programa, os candidatos chegaram a discutir, e tiveram seus microfones cortados. Acabaram ganhando, ambos, direito de resposta. A direção concedeu a Alckmin o direito de defender-se da afirmação de Morais, segundo quem a obra do Rodoanel está "cercada de corrupção". O governador citou números e afirmou não admitir "essa história de corrupção, ainda mais de quem vem; isso é no quintal de outras pessoas, que têm uma história tão triste, não no meu". Morais já foi secretário de governo e é ligado ao ex-governador Orestes Quercia, sobre quem pesa acusações de corrupção.

Diante dos protestos de Morais, Alckmin tentou negar ter se referido a ele, mas o mediador José Paulo de Andrade deu direito de resposta ao peemedebista. "Se eu vender todos os meus bens, não teria como pagar os outdoors a que tenho direito pela justiça eleitoral. Não lhe dou o direito de dirigir insultos a minha honorabilidade. Não lhe dou o direito! Lamento ter de me dirigir de tal maneira ao governador do meu Estado".

Mesmo com os ânimos mais senerados, Morais prosseguiu os ataques a Alckmin. O peemedebista prendeu-se principalmente à renegociação da dívida do Estado com a União, segundo ele "feita de maneira desastrada".

Vidraça - Embora de forma menos agressiva, outros três candidatos também atacaram Alckmin: José Genoíno (PT), Antonio Cabrera (Frente Trabalhista) e Ciro Moura (PTC). Quem mais usou o tema da segurança pública, setor em que o atual governo enfrenta pesadas críticas, foi o petista. "Como o senhor explica esse grande fracasso de seu governo na área de segurança pública?", perguntou Genoíno, para completar dizendo que não será "o governador das empresas de pedágio".

Alckmin, que chegou aos estúdios da Band dizendo-se preparado para "ser vidraça", preferiu uma resposta técnica, e não bateu de frente com o petista. "Permita-me discordar em alto nível, mas o deputado talvez esteja mal informado", disse o governador, para em seguida enumerar estatísticas sobre a queda nos índices de violência em São Paulo. "Não existe mágica. Não se resolve o problema da segurança com palavrório, mas com trabalho sério, como o que estamos desenvolvendo. Estamos satisfeitos? É claro que não... Mas estamos no caminho".

O embate mais curioso com Alckmin acabou acontecendo com um nanico. Em vez de fazer a tréplica de uma pergunta do governador sobre agricultura, Ciro Moura confundiu-se com as regras e perguntou quando o governo do Estado irá acabar com "os hotéis penitenciários". Ao ser informado de que não haveria a possibilidade de Alckmin responder, Ciro saiu-se com um "já que o senhor não pode responder, que pense sobre isso". Provocou risos da platéia e do próprio mediador.

Já Cabrera, apesar de dizer não ter vergonha de ter sido secretário do governo Covas, criticou os preços dos pedágios e acordos feitos pelo Estado com usineiros. Sua estratégia, além de citar a todo momento que é o candidato de Ciro Gomes em São Paulo, foi 'bater a assoprar'. Sempre que criticava Alckmin, emendava com um "não estou me referindo pessoalmente ao governador".

De tanto ser atacado, Alckmin usou seus minutos finais para dizer que essa e a eleição do "todos contra o governo", e que vai responder a todas as críticas durante a campanha. Suas últimas palavras foram uma espécie de resposta aos que o acusam de não estar se dedicando à campanha presidencial tucana — seus outdoors não trazem a foto do presidenciável do PSDB. "Gostaria de dizer que meu candidato a presidente se chama José Serra".

Pesquisas - Segundo a última pesquisa do Ibope, Paulo Maluf (PPB) lidera a corrida para o governo de São Paulo com 32% das intenções de voto. No segundo lugar está o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tenta a reeleição, com 22%, seguido por José Genoino (PT), com 11%. Na quarta posição, estão tecnicamente empatados Carlos Apolinário (PGT) e Ciro Moura (PTC), ambos com 2%, e Fernando Morais (PMDB), com 1% das intenções. Os demais tiveram, somados, menos de 1%. Dos entrevistados, 19% disseram que não sabem em quem vão votar ou não quiseram opinar e 11% afirmaram que vão anular ou votar em branco.




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