Contratações feitas pelo setor automotivo ajudaram a gerar crescimento recorde do emprego industrial em 2010 no País. Houve expansão de 3,4% na ocupação na indústria brasileira, de acordo com a pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada ontem. Foi a maior variação desde que foi iniciado o levantamento para o acumulado do ano (desde 2002).

Entre os segmentos, uma das principais contribuições para o índice nacional veio do ramo meios de transporte, que engloba montadoras e autopeças, com alta de 5,7% nas vagas em 2010.

Movimento semelhante ocorreu no Estado de São Paulo, que apresentou crescimento de 2,8% no emprego industrial, também com destaque para essa cadeia produtiva (que ampliou em 4,5% os postos de trabalho). Como exemplo do ritmo forte do segmento, apenas a Ford e a Volkswagen fizeram 1.000 contratações (400 vagas a primeira e 600 a segunda) em suas fábricas do Grande ABC no ano passado.

Segundo o economista da coordenação de indústria do IBGE, Fernando Abritta, as empresas se motivaram a empregar, em meio ao forte aquecimento da demanda, sobretudo no primeiro trimestre.

Ele cita que, nesse período, medidas de desoneração fiscal - como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros -, juros mais baixos (o Banco Central só começou a elevar a Selic a partir de abril) e índices favoráveis de emprego e renda favoreceram a compra de veículos.

Ao longo do restante do ano, apesar de o governo ter retirado estímulos tributários, o consumo se manteve em alta. E, mesmo com o real se valorizando frente ao dólar - o que prejudicou a competitividade do produto nacional em relação ao importado - outras atividades também se beneficiaram da retomada da economia. Entre os destaques, aparecem, além de meios de transporte, máquinas e equipamentos (7,3%).

No Grande ABC, não foi diferente. De acordo com levantamento do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), foram geradas 9.600 vagas na indústria em 2010, e os setores que lideraram as contratações foram montadoras, autopeças, produtores de maquinários e outras metalúrgicas.

Para o diretor da regional do Ciesp de São Caetano, William Pesinato, as importações podem até afetar, no longo prazo, as atividades, mas o mercado interno conseguiu sustentar as vendas das fabricantes no ano passado.