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Expedição ao Alasca para ajudar animais dura 17 meses

Casal de São Caetano comemora sucesso de projeto que percorreu 25,8 mil quilômetros

Natália Fernandjes
do Diário do Grande ABC
04/09/2016 | 07:07
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Arquivo pessoal


A descoberta de que uma vida simples e feliz é possível e vale à pena foi o resultado de 17 meses de expedição de São Caetano até o Alasca vivida por Eleni Alvejan, 43 anos, e Sérgio Medeiros, 42. A bordo de uma Land Rover 4x4, o casal percorreu a Pan-American Highway (Rodovia Panamericana) – rede de estradas que liga os dois extremos do continente americano, com 25,8 mil quilômetros ­– para ajudar cachorros abandonados com a distribuição de alimento, água e afeto por meio do projeto Mundo Cão.

“Para muitos, o que fizemos é uma grande bobagem. O que resolve na vida de um cachorro que muitas vezes está à beira da morte um pote de ração? Mas nosso projeto vem de um trabalho de sete anos com moradores de rua e seus animais. O projeto nunca foi o principal objetivo da viagem. Saímos para uma transformação pessoal. No entanto, os cães nos olhavam nos olhos, nos buscavam para um carinho e comiam agradecidos.”, destaca Eleni, que abandonou o emprego como condutora de transporte escolar para embarcar na aventura ao lado do marido, com quem é casada há 16 anos.

A princípio, a viagem deveria durar um ano, no entanto, o casal se desapegou também do tempo. “Nos envolvemos muito mais com os lugares, com as pessoas e com tudo o que estávamos vivendo”, lembra Sérgio, que deixou para trás a vida de vendedor técnico em indústria de papel. Dessa forma, a chegada ao destino final tornou-se momento de coroação da coragem do casal.

“Muitos saem das suas vidas comuns com o objetivo de tirar uma foto, dar meia volta e regressar à sua vida real. Esse nunca foi nosso plano. Tudo que vivemos nos 17 meses de estrada, antes de chegar até a placa que indica a última fronteira, ficará como uma marca nas nossas vidas, principalmente por tantas pessoas importantes que encontramos, que abriram suas casas e principalmente seus corações.”

No entanto, em quase um ano e meio de estrada, o casal não percorreu apenas caminhos de flores. Houve imprevistos. Alguns perigosos, como, por exemplo, o episódio em que foram abordados por integrantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), na Colômbia. “Sofremos dois roubos, um no Peru e outro no México. Sentimos um terremoto no Equador e presenciamos uma forte atividade vulcânica na Nicarágua”, comenta Sérgio.

Administrar o dinheiro ­– US$ 700 (aproximadamente R$ 2.276 por mês, fruto do aluguel do apartamento em São Caetano) – foi outra dificuldade. A quantia devia ser suficiente para abastecer o carro, comer e tomar banho, já que a hospedagem estava quase que restrita ao veículo, a pontos gratuitos ou, em algumas ocasiões, a casas de amigos que faziam pelo caminho.

A ração que era distribuída aos cães também fazia parte do orçamento. “A princípio, comprávamos dez quilos de ração por semana. Às vezes dava para três ou quatro dias e às vezes sobrava. Então, começamos comprar conforme a necessidade, o que funcionou melhor”, diz Eleni.

Pelo lado sentimental, a maior das dificuldades, conforme o casal, é a impotência sentida a cada cachorro abandonado encontrado pelas ruas. “Virar as costas e ir embora foi o pior sentimento provado. Se tem uma palavra que define os cães abandonados é tristeza. Tanto faz se estão no Brasil, na Nicarágua ou no México, eles têm sempre o mesmo olhar de súplica. Mesmo nos Estados Unidos e Canadá, onde não têm cães nas ruas, existem milhares de cães abandonados nos refúgios esperando pela adoção ou pela eutanásia”, conta Eleni.

Renovados, Eleni e Sérgio já traçaram nova rota. Segundo eles, viajar se tornou espécie de vício. “O plano é seguir para a Europa, Ásia e África, uma volta ao mundo. Mas agora é o momento de trabalhar para juntar dinheiro para a nova empreitada, porque, ao contrário do que muitos pensam, não somos ricos e não temos patrocínios”, ressalta Sérgio.

“Descobrimos que viajar pode ser um estilo de vida, podemos viver da forma que desejarmos, onde quisermos e pelo tempo que quisermos. Tudo é uma questão de prioridades. Nossa prioridade é ser feliz hoje e não esperar a vida passar para descobrir que não se tem mais tempo para fazer o que realmente desejamos”, observa Eleni.

Durante todo o percurso, o casal compartilhava as experiências vivenciadas por meio do site www.projetomundocao.com.br. 




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