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Tchecov reúne os amigos Débora Bloch e Diogo Vilela
Por Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
09/08/2003 | 00:20
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Diogo Vilela e Débora Bloch em cartaz em São Paulo: Tio Vânia, clássico do russo Anton Tchecov (1860-1904) fica no Teatro Faap até 5 de outubro. Aderbal Freire-Filho assina a direção e Millôr Fernandes, a tradução. Apesar de escrito na Rússia há mais de um século, o texto se mostra atual e próximo da mentalidade brasileira.

“A peça fala sobre o fracasso de um homem que se dedicou a outro, mitificando-o. Também retrata os problemas cotidianos de uma família sob a ótica do sofrimento daquele que não deu certo”, diz Vilela. O fracassado em questão é o amargo Vânia (Vilela), que administra a fazenda do professor Serebriakov (Rogério Fróes). Quando este volta da universidade, casado com a jovem e bela Helena (Débora), surgem os conflitos.

Na fazenda mora Sonia (Bel Kutner), filha de Serebriakov com a irmã falecida de Vânia. Maria (Suzana Faini), mãe de Vânia, a empregada Ba (Ida Gomes) e o agregado Teleguine (Alby Ramos) também vivem lá. A eles se junta o médico Astrov (Luciano Chirolli). Num ambiente no qual frutifica o egoísmo, Vânia e Astrov se sentem atraídos por Helena. Vânia, por sinal, descobre que Serebriakov não possui o brilhantismo que se imaginava.

Vilela confirma a atemporalidade e a proximidade do texto em relação ao Brasil: “Não conheço a Rússia, mas li autores russos. É incrível como o pensamento deles naquele tempo é parecido com o nosso. Há uma visão passional do sofrimento próxima da nossa e diferente, por exemplo, da norte-americana, anglo-saxã”.

O ator, porém, não encontra uma analogia no plano político-social – a Rússia se encontrava no período pré-revolucionário quando Tchecov escreveu. “Na peça vê-se uma burguesia decadente, mas Tio Vânia aborda mais o sentido da atitude humana, a mesquinhez e o amor. Tchecov mostra a vida na essência, como a condição humana leva ao conflito. Mostra o sofrimento com poesia, o que dá uma abrangência maior a ele. A peça é inquietante até para quem a faz”, diz.

A montagem estreou no Rio, no Parque Lage – a encenação utilizava o jardim e a piscina de uma mansão construída na virada para o século XX. “Com a mudança para o palco italiano (convencional), o espetáculo ganhou intimismo”, diz Vilela.

Tio Vânia – Teatro. De Anton Tchecov. Tradução de Millôr Fernandes. Direção de Aderbal Freire-Filho. Com Diogo Vilela, Débora Bloch, Luciano Chirolli, Bel Kutner, Suzana Faini, Alby Ramos, Rogério Fróes e Ida Gomes. Sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 18h. No Teatro Faap – r. Alagoas, 903, São Paulo. Tel.: 3662-7233. Ingr.: R$ 40 a R$ 50. Até 5 de outubro.




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