Cultura & Lazer Titulo
Música no estilo italiano
Por Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
29/01/2010 | 07:01
Compartilhar notícia


Os musicais possuem certo charme que nenhum outro tipo de produção apresenta. Quando somado ao conhecido estilo italiano, resulta em filme divertido com estética belíssima. Essa união é encontrada em Nine, que chega hoje aos cinemas, mas não entra no circuito regional.

Todo esse glamour se deve muito ao cineasta Guido Contini, interpretado pelo ator Daniel Day-Lewis em mais uma competente atuação. O protagonista passa por momento de falta de inspiração artística para elaborar o roteiro de seu novo filme, Itália, o nono de sua carreira - por isso o título do longa, nove em português. Apesar de não ter escrito nenhuma página do texto, sua produção está prestes a começar.

A angústia do diretor faz com que tente encontrar forças nas diversas mulheres que integram sua conturbada e boêmia vida. A primeira cena musical remete a esse aspecto e o mostra cercado por personagens vividos por algumas das mais belas atrizes do mundo.

Apesar de parecer uma boa forma de encontrar o que precisa, Contini se mostra cada vez mais perdido. As altas expectativas que a imprensa e os fãs têm para o projeto o levam a deixar sua querida Roma, capital italiana. O refúgio logo é descoberto por todos e a pressão continua. Seus pensamentos se tornam devaneios nos quais reencontra com sua mãe (Sophia Loren) e com a prostituta Saraghina (Fergie, do grupo Black Eyed Peas), que marcaram sua infância.

No mundo real, ele deve encontrar um meio de que sua mulher Luisa (Marion Cotillard) não descubra sobre Carla (Penélope Cruz), a fogosa amante. A última esperança de Contini é o encontro com a atriz Claudia Jenssen (Nicole Kidman), grande musa inspiradora e estrela de seus filmes.

A direção de Nine é assinada por Rob Marshall, também responsável pelo musical Chicago, vencedor do Oscar 2003 de melhor filme. O longa é baseado em musical da Broadway de mesmo nome datado de 1982. Por sua vez, o espetáculo tem como referência o filme Oito e Meio (1963), de Federico Fellini (1920-1993), que relata as complicações do próprio Fellini em finalizar seu projeto na época.

Além das bem produzidas cenas cantadas, o destaque é observar como o protagonista se enterra em suas próprias mentiras para tentar conciliar a vida pessoal e profissional, sendo que ambas não estão nada bem. A trama parece dramática, mas o charme de Contini somado ao sotaque de Day-Lewis tornam o canastrão um belo candidato a ícone do cinema moderno.

O elenco estelar montado por Marshall, que ainda conta com a veterana Judi Dench e a popular Kate Hudson, chama a atenção e já torna o filme curioso o bastante para ser assistido.

A linda fotografia remete às antigas produções e deve ser lembrada na disputa do Oscar deste ano, que provavelmente colocará Nine em outras categorias, entre elas melhor ator e melhor filme. É importante lembrar que o longa saiu de mãos abanando da última edição do Globo de Ouro, no qual concorria a cinco prêmios.

Como Contini explica, falar sobre filmes o acaba matando. É melhor terminar a resenha por aqui para não estragar a diversão de ser italiano.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;