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Papa João Paulo II não celebra missa de Ramos, mas acena para uma multidão de fiéis no Vaticano
Da AFP
20/03/2005 | 14:26
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O papa João Paulo II não celebrou a missa de Ramos por problemas de saúde, mas apareceu na janela de seu quarto de estudos no Vaticano, neste domingo, para mostrar que continua guiando a Igreja.

O pontífice, convalescente, apareceu na janela para abençoar os fiéis reunidos na Praça de São Pedro e também para assistir à missa de Ramos, que marca o início das liturgias da Semana Santa. Apesar de breve, cerca de um minuto apenas, a aparição do papa no momento da oração de Angelus foi recebida com muitos aplausos da multidão.

João Paulo II, que segurava um ramo de oliveira, parecia muito cansado e desconfortável com a cânula que foi introduzida há três semanas em sua traquéia. O papa não falou durante a aparição e demonstrou certo nervosismo por não poder se comunicar com as pessoas presentes na praça.

O pontífice sempre presidiu o extenso programa litúrgico na basílica de São Pedro, do Domingo de Ramos até o Domingo de Páscoa. Porém, este ano teve que renunciar ao papel por causa de seu frágil estado de saúde, o que significa uma Semana Santa muito particular.

Quase 50 mil pessoas assistiram à cerimônia sob o sol da primavera e muitas esperavam que o pontífice pronunciasse algumas palavras, como havia feito no domingo passado durante sua primeira aparição pública depois de passar 18 dias no hospital.

"Não estamos decepcionados por não tê-lo ouvido. Estamos felizes porque o vimos, porque talvez seja a última vez que possamos vê-lo", disse o francês Jacques Bosconi.

"O fato de não poder falar significa que suas condições de saúde estão se agravando", comentou, pessimista, a também francesa Helene Chevalier, que teme que o pontífice não consiga recuperar a fala.

"Com seu sofrimento, a maneira como o aceita, nos ensina o valor da vida", afirmou uma religiosa africana.

"Para nós, católicos, sua presença na janela, apesar de silenciosa, é a garantia de que continua à frente da Igreja", comentou uma jovem italiana.

Mesmo apresentando diversas opiniões sobre o papa, os fiéis oraram durante a missa de Ramos pela saúde de João Paulo II. "Oremos por nosso amado padre, o papa João Paulo II, para que o Espírito Santo o ilumine e o sustente, para que seu testemunho de fidelidade à Cristo sirva de exemplo e modelo para todos os jovens de amor supremo por aquele que o escolheu, e para que possa continuar sua missão até o fim da vida", pediu o cardeal Ruini ao fim da missa. "Jesus na cruz não deprime nem debilita. Ao contrário, envia energias novas, como as que resplandecem dos santos que enriqueceram a fecunda história da Igreja e que emergem de forma especial hoje do rosto esgotado do Santo Padre", acrescentou Ruini.

Por recomendação médica, o papa deve limitar suas saídas e o uso da palavra. Cada aparição pública é analisada com cuidado já que o Vaticano não divulgou nenhum boletim médico sobre sua saúde desde que retornou ao palácio apostólico no dia 13 de março.

João Paulo II, 84 anos, que ainda se recupera de uma traqueostomia, designou o cardeal italiano Camillo Ruini, vigário de Roma, para representá-lo na missa de Ramos. Mas foi outro italiano, o bispo Leonardo Sandri, que fez a leitura do Angelus dominical. Na mensagem, Sandri se referiu às próximas Jornadas Mundiais da Juventude, que acontecerão em agosto na Alemanha.

Fragilidade - Os médicos temiam que o papa tivesse uma recaída, devido à fragilidade de sua saúde. "O Santo Padre pode ter uma outra recaída semelhante no futuro", havia afirmado dias antes de sua segunda internação o professor Corrado Manni, médico anestesista que esteve presente às seis intervenções cirúrgicas sofridas pelo papa no passado.

O papa, que sofre do Mal de Parkinson, foi internado durante dez dias no início de fevereiro, devido a graves problemas respiratórios.

O Mal de Parkinson, como outras enfermidades (acidente vascular cerebral ou doenças neurológicas que atingem o funcionamento motor), pode agravar os problemas de deglutição.

Estas dificuldades e uma menor capacidade de movimento respiratório tornam a expectoração difícil, podendo ocasionar uma pneumopatia e problemas brônquio-pulmonares, além de outras infecções. A perda de apetite é um dos sinais de alerta.

"A gripe fragiliza ainda mais o estado de saúde já precário de um paciente", revelam os especialistas. Uma pessoa de idade avançada, associada a uma ou várias patologias está exposta, particularmente, às complicações da gripe, entre elas uma infecção bacteriana.

Com o avanço do Mal de Parkinson, a questão da medicação torna-se mais difícil, com os tratamentos representando um verdadeiro desafio, diz o médico Radia Djebbari, neurologista do hospital Saint-Antoine. Segundo ele, a evolução do estado do Papa pode ser instável.

O tratamento tem melhor resposta no início da doença, antes de seu avanço, explica o professor Emmanuel Broussole, especialista ea Midadeal de Parkinson (Bordeaux).




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