Ator mais camaleônico de Hollywood, Johnny Depp é capaz de interpretar qualquer um. Seja um pirata, um Don Juan ou o excêntrico dono de uma fábrica de chocolates, o astro é o único atualmente que consegue ao mesmo tempo exibir uma boa atuação e ainda manter o posto de galã, mesmo quando se enfeia.

Em março de 2010, chega às telas sua aguardada performance como o Chapeleiro Maluco de "Alice no País das Maravilhas", adaptação de Tim Burton para a história infantil de Lewis Carroll, na enésima parceria entre ator e diretor. Além disso, Depp já acertou sua participação para viver novamente o pirata Jack Sparrow em um novo filme da franquia "Piratas do Caribe".

Mas enquanto as duas produções não ficam prontas, o público pode conferir Depp no longa "Inimigos Públicos", que estreia nesta sexta-feira nos cinemas do Grande ABC e de São Paulo. Na produção, o ator encarna o papel de John Dillinger, um dos mais notórios ladrões de bancos da história.

Difundidos a partir da década de 1930, os filmes de gângsteres surgiram em meio à Grande Depressão nos Estados Unidos, quando a crise econômica influenciou o aumento da criminalidade no país. Para remontar esse cenário, o diretor Michael Mann ("Miami Vice" e "O Informante", entre outros) recorre ao mesmo gênero que aquele período criou para contar a história de John Dillinger.

Baseado no livro de Bryan Burrough, o filme mostra Depp na figura de um charmoso ladrão que não teme e ainda ri da polícia. Dillinger coordena seus roubos com astúcia e é sempre mostrado com o menos violento de sua gangue. Quando os clientes dos bancos separam seu dinheiro contado para dar a ele, o criminoso deixa claro que não está lá para roubar do povo, e sim dos banqueiros.

Amparado por uma eficiente rede criminosa, que incluía desde prostitutas até organizadores de apostas, Dillinger se escondia facilmente em meio à população. Sua postura desafiadora faz com que J. Edgar Hoover (Billy Crudup), ainda no princípio do FBI (a polícia federal americana), o declare "inimigo público nº 1" dos Estados Unidos, o primeiro de uma lista que incluiu nomes como os do casal Bonnie e Clyde.

Hoover designa o jovem agente Melvin Purvis (Christian Bale, sempre eficiente no papel de antagonista) para ficar no encalço de Dillinger. O ladrão, por sua vez, se diverte passando desapercebido para qualquer força de segurança que tentasse prendê-lo. Para piorar a situação da polícia, ele ainda ganha a simpatia do povo, que vê nele uma espécie de vingador por roubar as mesmas instituições bancárias que deixaram a todos na miséria.

O filme de Mann também mostra o romance de Dillinger com Billie Frechette, vivida por Marion Cottilard (Oscar de melhor atriz no ano passado por "Piaf - um Hino ao Amor"). Mulher simples e de beleza exótica, ela ganha o coração do fora-da-lei, que jura cuidar dela para sempre. Nas cenas que divide com a francesa, Depp assume sua porção de galã, conquistando o público feminino em cenas embaladas ao som de músicas de Billie Holiday e em uma versão de "Bye Bye Blackbird" cantada por Diana Krall.