Economia Titulo Consumo
Crise impulsiona vendas de consórcios
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
05/07/2015 | 07:05
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No cenário atual, em que ficou mais difícil obter financiamento, porque os juros subiram e os bancos estão menos dispostos a emprestar, uma opção vem atraindo o consumidor para a aquisição tanto de carro quanto de imóvel neste ano. De janeiro a maio deste ano, a procura por cotas de consórcio de veículos leves (automóveis e picapes) cresceu 7,3%, enquanto os de casas aumentou 25,4%. No caso desse segmento automotivo, ingressaram no sistema 390 mil consorciados nos primeiros cinco meses. No setor imobiliário, a modalidade ganhou 84,5 mil adesões.

A procura pelo formato ocorre por diversos fatores, explica o presidente executivo da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), Paulo Roberto Rossi. Em relação aos veículos leves, como as taxas do financiamento vêm subindo, a modalidade se torna atrativa, porque não cobra juros – em vez disso, tem taxa de administração, bem mais em conta. Além disso, hoje em dia praticamente não se consegue financiar sem dar pelo menos 20% de entrada. Em uma simulação, para aquisição de carro de R$ 40 mil, mesmo financiando menos (R$ 32 mil), sai mais caro de que uma cota de R$ 40 mil. (Veja tabela ao lado). “Compensa ter consórcio”, diz o cabelereiro Samuel Ramos Pereira, 50 anos, morador de Mauá, que adquiriu cota de 70% do valor do Fiat Palio, deu lance de R$ 4.000 e adquiriu recentemente o modelo. Ele diz que só se arrepende de não ter feito também contrato para ter cota para imóvel.

Rossi ressalta que a modalidade é ideal para quem não tem pressa e busca se planejar, por exemplo, para a troca futura de seu carro ou para presentear o filho daqui a alguns anos. Se a necessidade é imediata – por exemplo, se seu automóvel quebrou ou foi roubado – é preciso avaliar se dá para esperar ser contemplado ou juntar dinheiro para dar um lance, afirma Rossi. No caso do segmento imobiliário, o dirigente assinala que, com a crise, as famílias ficaram com o orçamento mais apertado e, por meio da modalidade, que é um “autofinanciamento”, podem fazer planejamento financeiro, reservando recursos todo mês para adquirir a carta de crédito na contemplação ou no fim do prazo do contrato. Além disso, com o endurecimento das regras da Caixa Econômica Federal, que reduziu neste ano o percentual financiável de 80% para 50% para imóveis usados pelo SFH (Sistema Financeiro de Habitação), muita gente não tem os 50% para dar à vista.

A comerciante Suelen Oliveira, 27, e o marido, o autônomo Isaías Oliveira, 29, de São Caetano, optaram por adquirir uma cota para fugir do aluguel. “A restrição dos bancos de dois anos para cá aumentou e essa foi uma forma de guardar dinheiro para ter a casa própria”, diz Suelen. Eles pagam hoje R$ 2.800 por mês, mas dizem que só não fosse com essa alternativa não teriam conseguido adquirir imóvel no município.

Dados da administradora de consórcios Embracon mostram a aceitação da modalidade na região. A empresa registra alta de 24% nas vendas no Grande ABC no primeiro semestre. “A gente contava com esse crescimento para o ano todo e já obteve no primeiro semestre”, diz a gerente regional Leila Lopes Ferreira. 




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