Internacional Titulo
Kirchner promete investigar atentado contra associação judaica
Por Da AFP
18/07/2004 | 17:21
Compartilhar notícia


A comunidade judaica argentina recordou neste domingo o décimo aniversário do atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), o mais sangrento da história do país com 85 mortos, pedindo ao presidente Nestor Kirchner, presente ao evento, que finalmente se cumpra a justiça neste caso.

Em breves declarações, Kirchner, o primeiro presidente argentino a participar num evento ligado à AMIA, prometeu continuar impulsionando a investigação do caso. "Ninguém me desviará deste objetivo", enfatizou.

"Senhor Presidente, você acendeu uma vela de esperança. Não deixe que ela se apague", declarou o atual líder da AMIA, Abraham Kaúl.

O evento foi realizado diante da nova sede da AMIA, construída no mesmo prédio onde estava o edifício atacado, e começou às 09h53, hora exata da explosão do dia 18 de junho de 1994, que deixou, além dos 85 mortos, 300 feridos.

Kirchner esteve ao evento com sua esposa, a senadora Cristina Fernández, com vários ministros e outras autoridades, e cumprimentou pessoalmente as famílias das vítimas e os sobreviventes da tragédia.

O governo de Néstor Kirchner ganhou o respeito da comunidade judia pela nova energia que insuflou à investigação dos atentados. Apesar das diferenças entre si, os distintos setores da comunidade aprovaram a decisão de Kirchner - pouco depois de assumir o poder, em maio de 2003 - de abrir os arquivos da Secretaria de Inteligência de Estado (Side) e de ordenar que seus agentes testemunhassem ante a justiça.

Uma das organizações de parentes das vítimas do atentado, a Agrupação para a o Esclarecimento do Massacre Impune da AMIA (Apemia), no entanto, afirma que a abertura dos arquivos não foi efetiva porque seus documentos continuam ocultos.

Mas, de um modo geral, Kirchner recebe o reconhecimento de todas as partes envolvidas por seus esforços na questão, o que não acontecia com os presidentes anteriores.

As críticas sempre foram violentas contra o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999). Foi durante seu mandato que ocorreu o atentado contra a AMIA, além de outro ataque, em 1992, contra a embaixada de Israel em Buenos Aires, que matou 29 pessoas e feriu outras 200.

Kaúl responsabilizou diretamente Menem pelo ataque contra a AMIA e pela ineficiência da investigação.

O atentado "foi possível porque teve responsáveis, e estes não foram descobertos por causa de traidores", denunciou Kaúl.

O ex-presidente argentino, que mora atualmente no Chile e é requisitado pela justiça de seu país para que responda a acusações de corrupção, também foi criticado por Marina Dagtiar, representante das famílias das vítimas.

"Menem é o culpado. Este delinqüente foragido da justiça foi muito rápido em falar de dinheiro às famílias, para tentar amenizar a dor", acusou a oradora, que qualificou o ex-presidente de "miserável".

A polícia e o serviço de inteligência da época também não foram poupados, assim como ministros de Menem, o ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-2003) e o juiz Juan José Galeano, encarregado do caso durante nove anos e afastado por irregularidades.

Também foram criticados ex-líderes da comunidade judaica, como o banqueiro Rubén Beraja, por sua condescendência em relação ao governo de Menem.

Jaime Salomón, presidente do Conselho Federal da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (DAIA), a vitrine política da comunidade judaica, se polarizou na hipótese, não compartilhada unanimemente, de que o ataque foi planejado pelo Irã através de sua embaixada em Buenos Aires.

Uma delegação do Comitê Judaico Americano assistiu ao evento, durante o qual foram lidas mensagens de apoio do Arcebispado de Buenos Aires, das máximas autoridades de Israel, de comunidades judaicas de vários continentes, de dirigentes argentinos e de entidades políticas e sociais locais.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;