Estudo inédito feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta que a produtividade da administração pública brasileira cresceu 14,7% de 1995 a 2006. Esse percentual foi superior à expansão de 13,5% no indicador para o setor privado no mesmo período.

O levantamento mostra ainda que a produtividade do setor público é 35% maior do que a do setor privado. Para o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, esses dados mostram que é um mito a ideia de que os governos (federal, estadual e municipal) têm quadro de pessoal inchado e que gastam mal.

O coordenador do curso de Ciências Econômicas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Francisco Funcia, também destacou a importância desse estudo, por possibilitar que seja aprofundado o debate em relação à qualidade dos gastos dos governos. "Existe um senso comum de que se gasta muito com pessoal; é preciso verificar", assinalou.

EVOLUÇÃO - A eficiência medida pela produtividade pode-se traduzir como maior produção possível por unidade de tempo ou custo. No estudo, foi adotado como critério a relação entre as contas nacionais (que leva em conta as despesas orçamentárias e o valor adicionado, ou seja, a geração de riqueza) e a força de trabalho empregada.

Logo após o Plano Real (lançado em 1994), houve uma rápida expansão da produtividade do setor público, gerada pela estabilidade econômica nos dois anos seguintes. "Antes do Plano Real, os orçamentos (por causa da inflação elevada) eram peças de ficção", afirmou Pochmann.