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Teatro para emocionar

Antonio Fagundes volta aos palcos com o monólogo Restos, em São Paulo, depois de um jejum de 3 anos

Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
18/08/2009 | 07:00
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Às vésperas da estreia do monólogo Restos, na quarta-feira, no Teatro Faap, em São Paulo, Antonio Fagundes assume de vez a faceta de produtor e fala com propriedade sobre como é gerenciar bilheterias, aluguel e uma equipe técnica. "Está muito caro fazer teatro ultimamente. Antes, você pagava um elenco grandioso com meia casa todos os dias. Hoje, mesmo lotando diariamente, você não consegue", reclama ele, que elegeu Márcio Aurélio para dirigir o espetáculo.

Mesmo admitindo as dificuldades em se produzir um espetáculo, Fagundes decidiu por não captar recursos por meio da Lei Rouanet para viabilizar a montagem. "Eu fui aprovado, mas não quis usar a lei. Eu estou cansado de ser chamado de ladrão, coisa que particularmente eu não sou. Cobro no ingresso o valor que quiser", vocifera.

De volta aos palcos depois de jejum de três anos, Fagundes escolheu um texto denso do dramaturgo norte-americano Neil LaBute (também diretor de cinema, com filmes como A Enfermeira Betty e Possessão). O ator encarna Edward Carr, um restaurador de carros que relembra a convivência com a mulher durante o velório dela, vítima de câncer de pulmão. "É, a princípio, uma história de amor muito grande. Me surpreendi, me emocionei muito, ri. Foi uma coisa de química ter me identificado com o texto, mas não posso dizer mais do que isso. Vocês terão de assistir", despista.

O fumante inveterado foi interpretado pelo ator Ed Harris (Truman Show e Pollock) na primeira montagem norte-americana, em 2006. Assim como no original, permeando a narrativa, a plateia assistirá a Fagundes acendendo muitos cigarros. Como os únicos companheiros de cena de Fagundes são o assunto da vez devido à lei estadual antifumo, ele chegou a afirmar em entrevista que enfrentaria a decisão e fumaria em cena. A reportagem foi publicada antes de a Secretaria de Justiça de São Paulo voltar atrás e abrir exceção para espetáculos teatrais: os atores podem fumar no palco se assim estiver previsto no texto. Questionado novamente, Fagundes evitou dar continuidade à polêmica. "Já encerramos este assunto", corta.

Esse foi o único momento da entrevista coletiva de imprensa em que o ator/produtor se permitiu ser um tanto ríspido. Fez questão de apertar as mãos de todos os presentes ao chegar ao auditório reservado para a conversa com a imprensa, sentou-se perto dos jornalistas e não se mostrou incomodado em responder a perguntas que relacionavam o sucesso de suas montagens à sua carreira televisiva.

"As pessoas podem até ir à estreia por minha causa, mas se não gostarem, não recomendarão aos amigos. E o teatro é muito mais influenciado pelo boca a boca do que qualquer coisa", conclui ele, longe da TV desde uma participação em Negócio da China, no ano passado. Seu próximo papel será em Bom Dia, Frankenstein, que substituirá Caras e Bocas no horário global das sete.

Fagundes tem se dedicado também à direção do monólogo Aquela Mulher, protagonizado pela amiga Marília Gabriela. "Foi bom para eu perceber a solidão do diretor. Teatro é, mais do que tudo, a arte do ator", acredita.

Restos - Teatro. No Teatro Faap - Rua Alagoas, 903, São Paulo. Tel.: 3662-7233. Ingr.: R$ 100 (meia-entrada R$ 50). Quintas e sextas, às 21h; sábados, às 20h e domingos, às 18h. Até 29 de novembro.




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