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Pontes para o paraíso
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
15/04/2010 | 07:00
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Se Lampião, Maria Bonita e seu grupo de cangaceiros passassem nos dias de hoje por Aracaju, a capital sergipana, provavelmente se surpreenderiam com a facilidade de acessar o Litoral Sul do Estado à procura de um refúgio. Dia 30, o ministro do Turismo, Luiz Barretto, e o governador de Sergipe, Marcelo Déda, inauguraram a Ponte Jornalista Joel Silveira, com 1.080 metros de extensão por 14,2 metros de largura. Erguida sobre o Rio Vaza-Barris, ela liga a região do Mosqueiro ao município de Itaporanga D'Ajuda, e deverá encurtar em 70 quilômetros o deslocamento entre Aracaju e Salvador, na Bahia.

"Ao vermos a ponte sendo entregue à população, fica a certeza de que os recursos (R$ 59,2 milhões do Ministério do Turismo) foram bem empregados. Investimentos como esses contribuem para que Aracaju e os municípios do interior se tornem destinos turísticos cada vez mais procurados dentro do Nordeste", declarou Barretto na ocasião.

O nome da ponte homenageia o jornalista da cidade de Lagarto Joel Silveira (1918-2007), que passou pelas redações dos principais veículos de comunicação do País, escreveu mais de 40 livros e recebeu da Academia Brasileira de Letras, em 1998, o prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra.

E essa não é a primeira vez que uma ponte alavanca o turismo e o moral dos sergipanos. Em 2006, a inauguração da ponte sobre o Rio Sergipe anunciou novos tempos à capital do menor Estado brasileiro, que sempre perdia para as vizinhas nordestinas no quesito turismo em função da cor do mar de suas praias, escurecida pelas águas dos rios Sergipe e Vaza-Barris. Ainda mais quando o grupo SuperClubs decidiu construir do outro lado da via o resort Starfish - primeiro de bandeira econômica fora da Jamaica.

Se os investimentos serviram para atrair turistas de primeira viagem à capital, quem já conhecia Aracaju não precisava de nada disso para voltar. Com ou sem pontes e hotéis, a cidade sabe bem como cativar o visitante e preservar o orgulho de ser nordestino através de suas artes, manifestações folclóricas e da rica culinária sergipana.

As melhores praias estão depois de Barra dos Coqueiros, na ilha de Santa Luzia, e em direção a Mosqueiro. Sem falar nas badaladas orlas de Atalaia e Aruana. Chega a ser heresia circular pela Passarela do Caranguejo e não degustar uma porção do crustáceo a marteladas, como manda a tradição, em uma das inúmeras barracas espalhadas pela areia. Assim como não provar um pitu - camarão de água doce - de aperitivo e as infinitas versões de pratos à base de carne de sol, a grande vedete dos cardápios sergipanos.

FORRÓ - Enquanto os menus esbanjam variedade, as caixas de som ecoam sempre o mesmo ritmo: forró. Ainda mais em junho, quando a capital rende-se ao rala-coxa durante os 13 dias do Forró Caju e os 30 dias de festejos juninos que tomam os principais palcos da cidade, com direito a quadrilhas, bandeirolas, fogos de artifício, barracas de comidas típicas e shows com grandes nomes do gênero musical.

O auge da festa é no Dia de São João, 24, quando toda a população vai para o Mercado Municipal para se esbaldar com os quitutes juninos, vendidos a preço de banana.

Aracaju, aliás, é considerada uma das cidades turísticas mais baratas do litoral nordestino. E também uma das mais recentes. Enquanto as vizinhas Laranjeiras e São Cristóvão contam séculos de história, Aracaju foi fundada apenas em 1855. Perto das outras, ainda engatinha, tanto na idade quanto na infraestrutura turística. Mas o seu passado também está ali, presente, nas tradições folclóricas, na hospitalidade e na ingênua veia cômica do sergipano. Para conferi-lo, vale abrir mão da praia por algumas horas para visitar o Memorial de Sergipe na Avenida Beira-Mar. O acervo resgata a história do Estado em 6.000 peças de folclore, artesanato e imagens sacras. Já o Museu do Homem Sergipano guarda peças arqueológicas e fotografias em sobrado do início do século 20. Uma gratificante viagem no tempo. Sim, porque apesar da idade e extensão diminutas, Sergipe tem muita história pra contar. Virgulino Ferreira que o diga!




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