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Sucateamento dos Bombeiros põe em risco população do ABC
Por Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
30/06/2006 | 07:45
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Caso ocorra um incêndio de grandes proporções em São Caetano, o Corpo de Bombeiros vai precisar de reforço de outras cidades. É que o município conta no momento com apenas dois caminhões, um autobomba e um plataforma, além de um autotanque (só carrega água) para atender ocorrências dessa natureza. O caminhão plataforma que ajudaria no trabalho foi emprestado há uma semana para o posto do bairro Campestre, em Santo André, de onde partiria o socorro mais próximo, caso São Caetano necessitasse.

Se ocorrer, hoje, um incêndio no Centro de São Caetano e em horário de pico, por exemplo, as viaturas levariam cerca de 20 minutos para deixar a avenida Prestes Maia e cruzar as avenidas Presidente Kennedy e Goiás para auxiliar os bombeiros de São Caetano. Tempo considerado precioso para se impedir a propagação das chamas e salvamento de vítimas. As informações são de soldados da própria corporação, que pedem anonimato.

O sucateamento nos dois postos dos bombeiros de São Caetano é situação recorrente na região. No último dia 21, uma loja de sapatos no Parque Novo Oratório, em Santo André, foi completamente consumida pelo fogo. Os bombeiros foram chamados logo que surgiram as primeiras labaredas, mas a água dos dois caminhões enviados – 3 mil litros cada – não foi suficiente e os bombeiros tiveram de apelar para um caminhão-pipa do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), que chegou uma hora depois.

Em abril, o Diário registrou as péssimas condições no quartel do Jardim Zaíra, em Mauá. Na ocasião, um autotanque (ano 1987, com rachaduras no compartimento de água) e um autobomba, utilizados em incêndio, estavam no conserto. Disponível, havia apenas a unidade de Resgate. Em caso de urgência, os bombeiros teriam que acionar o posto da Vila Noêmia. Como o autotanque estava rachado, ele ficava sempre vazio e só recebia água em casos de ocorrência. Uma semana após a denúncia, um novo autombomba foi deslocado da Vila Noêmia para o Jardim Zaíra, e o autotanque mandado para reforma.

Assim como os bombeiros do Jardim Zaíra descreveram, na época, a situação crítica de trabalho, o mesmo ocorre em São Caetano. As reclamações são semelhantes. Os soldados de São Caetano dizem que dois caminhões autobomba estão sem condições de uso. Um deles está parado há cerca de quatro meses no posto da avenida Goiás, no bairro Barcelona, porque a mangueira hidráulica está quebrada. O outro não sai do posto da rua Mato Grosso (bairro Cerâmica), desde que se envolveu, há quatro anos, em um acidente com um ônibus. Uma viatura de Resgate (são três no total) também está parada, segundo os bombeiros, na oficina da Prefeitura há três meses para conserto do assoalho.

De acordo com um dos bombeiros, o caminhão plataforma emprestado a Santo André está sendo usado na restauração e pintura do prédio da corporação. “É comum um município fornecer veículo ao outro, mas se acontecer algum incêndio grave, precisaremos de ajuda. Não dá para entender por que a cidade arrecada cerca de R$ 7 milhões ao ano com a taxa de sinistro, cobrada junto com o IPTU, e o nosso serviço fica prejudicado desse jeito”, reclama um soldado. A Prefeitura não se pronunciou. E o comandante do 8º Grupamento dos Bombeiros, tenente-coronel Valdeir Rodrigues Vasconcelos, desconversa. “Problemas existem, mas os prefeitos têm nos atendido prontamente.” Como exemplo de auxílio citou os nove veículos que a corporação deverá receber de São Bernardo ainda neste ano, entre eles uma carreta para transporte de lancha e duas unidades de resgate.

Vasconcelos assumiu o comando do grupamento que é responsável por toda região há duas semanas. Ele admite já ter visto problemas. Mas, apesar das evidências de sucateamento, evita falar de forma generalizada e diz que os problemas são “pontuais”.

Dessa forma, o tenente-coronel preferiu responder aos problemas de forma fragmentada. Ele afirmou que está sendo feito um orçamento para o conserto dos dois caminhões autobomba de São Caetano. “O que se envolveu no acidente está fora de operação por causa do processo administrativo aberto contra a empresa (não disse qual) envolvida.” Sobre o caminhão plataforma emprestado a Santo André, alegou: “Ele tem equipamento hidráulico (suspende a plataforma que eleva o bombeiro), que precisa ser testado. Mas em qualquer emergência vai para a rua. Não está inutilizado.” Já em relação à unidade de Resgate, confirmou que o veículo está sendo reparado pela Prefeitura. “Não sei dizer quando ficará pronto, mas garanto que o serviço está sendo feito.”

Segundo Vasconcelos, a Prefeitura de São Caetano deve doar aos bombeiros nos próximos meses um novo autobomba. “No dia 26 (segunda-feira), o prefeito (José Auricchio) disse que estava liberando R$ 450 mil para a compra do caminhão.”



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