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Malan estaria planejando formular programa social
Por Do Diário do Grande ABC
02/09/2000 | 14:12
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Uma reuniao marcada para a próxima quarta-feira no Ministério da Fazenda está gerando rumores no governo. Oficialmente será um encontro técnico entre o pessoal da Secretaria de Política Econômica e funcionários do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Pessoas ligadas à equipe econômica, no entanto, garantem que o encontro é muito mais do que parece. Seria o início da construçao de um programa de governo a ser apresentado pelo próprio ministro da Fazenda, Pedro Malan, caso ele consiga se viabilizar como o candidato do PSDB à presidência da República.

A pauta da reuniao de quarta-feira é de fato sugestiva. Será planejado um estudo aprofundado sobre vários indicadores sociais do Brasil. Farao parte da discussao temas como renda familiar per capita, proporçao de pobres na populaçao, escolaridade e tempo de estudo das crianças, jovens e adultos, expectativa de vida e mortalidade infantil. E mais: segundos os rumores, para cada um desses indicadores seria fixada uma meta até 2005, ou seja, até o último ano do próximo mandato presidencial.

"Fofoca" - O secretário de Política Econômica, Edward Amadeo, confirma o encontro, os personagens e até o tema a ser tratado. Mas nega que por trás de tudo esteja a corrida presidencial de 2002. "Isso é fofoca", descarta, irritado. "Vamos mesmo fazer um estudo sobre os indicadores sociais nos últimos 15 anos e a partir deles montar projeçoes para os próximos dez anos", diz. "Mas a discussao social foi introduzida desde o aparecimento da proposta do Fundo de Combate à Pobreza e da discussao do salário mínimo", lembra Amadeo, remetendo à idéia lançada no ano passado pelo senador Antonio Carlos Magalhaes (PFL-BA), presidente do Senado. O ministro, por esse ponto de vista, estaria só contribuindo para o enriquecimento do debate.

O estudo social, no entanto, nao seria o único pilar sobre o qual Pedro Malan constrói sua candidatura. A essência dela, na verdade, estaria muito mais ligada ao desempenho econômico com que o Brasil chegará a 2002. O Produto Interno Bruto (PIB) estará crescendo em ritmo próximo de 4,5%, com desemprego em queda, renda per capita em alta, inflaçao baixa e controlada, dívida pública estabilizada, contas externas com déficit suficiente apenas para financiar o crescimento, sem pôr a estabilidade monetária em risco. Desenvolvimento sustentável, enfim.

A tática é personificar o sucesso econômico no ministro, que chegaria ao ano eleitoral defendendo uma nova agenda, totalmente voltada para melhoras no desempenho social - o que por si só esvaziaria o discurso de candidatos oposicionistas. Nao raro, o próprio Malan orienta seus subordinados e colaboradores a nao provocarem "marolas", ou seja, a nao entrarem em debates que possam de alguma forma prejudicar a retomada econômica. Quando o embate é inevitável, a infantaria é designada ao presidente do Banco Central, Armínio Fraga, ou ao secretário-executivo do ministério, Amaury Bier.

O raciocínio da personificaçao vale também para os vaivéns da reforma tributária. Ao nao alterar o atual regime fiscal, a equipe econômica cria a idéia subliminar de que é ela quem mantém as contas públicas em ordem, logo, quem garante lenha para queimar na locomotiva no momento em que os passageiros antevêem a parada. O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, rechaça a idéia. "Ligar isso tudo a uma eventual candidatura é no mínimo desinformaçao", afirma.

Bacha - Até a recente volta ao Brasil do economista Edmar Bacha, que duas semanas atrás tocava o escritório do banco BBA em Nova York, está sendo interpretada como peça de uma possível candidatura Malan. Seria ele o coordenador da campanha. Desde a quinta-feira da semana passada, Bacha preside a Associaçao Nacional dos Bancos de Investimento e Desenvolvimento (Anbid), instituiçao tradicional que congrega os grandes bancos do atacado financeiro. O mandato vai até agosto de 2002.

Procurado desde a quinta-feira, Bacha informou, através de sua assessoria de imprensa, que nao poderia dar qualquer entrevista. No gabinete do ministro Pedro Malan, a informaçao oficial é de que ele nao é nem pretende ser candidato. E também que a hipótese relacionando o programa de metas sociais e a sucessao presidencial pode até acabar prejudicando uma boa idéia para o país.




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