O Sindserv (Sindicato dos Servidores) de São Bernardo enviará as planilhas financeiras recebidas da Prefeitura para análise do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). O objetivo, segundo o presidente da instituição que defende o funcionalismo público, Carlos Roberto da Silva, o Ketu, "é entender melhor" a situação econômica da administração, que atribui à adversa condição dos cofres municipais o fato de ter oferecido 0% de reajuste aos trabalhadores.

Em várias oportunidades, técnicos do Executivo explanaram aos dirigentes sindicais que não há possibilidade de sequer conceder o reajuste da inflação nos últimos 12 meses - avaliada em 6,5% - porque as contas públicas fecharão no vermelho em 2009.

Quaisquer melhorias, sejam salariais ou em benefícios como vale-transporte ou auxílio alimentação, continuarão a serem tratadas na mesa de negociação permanente, mas ações efetivas somente a médio e longo prazos, ou seja, a partir do ano que vem.

De acordo com a última explanação dos técnicos nomeados pelo prefeito Luiz Marinho (PT), a Prefeitura arrecadou nos primeiros cinco meses deste ano R$ 759,3 milhões, ante R$ 748,3 milhões angariados no mesmo período do ano passado.

Entretanto, segundo a administração, mesmo com a diferença positiva de R$ 11 milhões (variação de 1,5%), o saldo da receita é negativo se contabilizada a inflação.

"Eles nos dizem, na mesa de negociação, que os próximos seis meses também serão ruins e a expectativa é de retração nas finanças. Mas não é essa a informação que eles passam para a população, por exemplo", reclamou Ketu. Especialistas e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que a economia já dá sinais de recuperação.

O sindicalista esteve presente à sessão da Câmara de quarta-feira que aprovou a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). A peça que direciona os investimentos que serão feitos pelo Executivo em 2010 também foi alvo de críticas.

"Não há previsão de aplicação de recursos para o funcionalismo. A LDO poderia sinalizar algo positivo, mas não há nada para nós", salientou Ketu, que aguarda agendamento de reunião com a administração para a próxima semana.

No encontro, o presidente do Sindserv espera algumas respostas de indagações feitas anteriormente, como gastos com comissionados, explicações minuciosas acerca de R$ 400 milhões retidos para implementar a reforma administrativa, entre outros pontos.

Ao lamentar a ausência de proposta de reajuste salarial aos servidores de São Bernardo, Ketu comparou a administração petista de Diadema, a qual sofre recorrentes sequestros de receita, mas ainda assim ofereceu 6,25% de reajuste aos funcionários públicos.

"Mesmo com dificuldade, os companheiros da cidade vizinha tiveram reposição salarial. Aqui, onde não teve esse tipo de problema, a administração não ofereceu nada", frisou.

O sindicato continuará com "cobrança incisiva" para receber oferta plausível da Prefeitura. No dia 14, haverá manifestação na sede da Secretaria de Saúde e no dia 16 realizará protesto no Cenforpe (Centro de Formação de Professores).