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Pela 1ª vez papa deixa de celebrar a missa de Quarta-feira de Cinzas
Por Da AFP
09/02/2005 | 14:45
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Pela primeira vez em 26 anos de pontificado, o Papa João Paulo II, que está internado há mais de uma semana em Roma (Itália), não pôde celebrar a missa de Quarta-feira de Cinzas no Vaticano, aumentando as dúvidas entre muitos católicos sobre se ele poderá continuar guiando a Igreja.

O Papa foi ungido no leito do hospital por seu secretário particular, monsenhor Stanislaw Dziwisz, que o marcou com a cruz de cinzas e a frase habitual da data: "Lembre-se que você é pó e ao pó voltará". Esta é uma cerimônia importante para os católicos, pois significa o início da Quaresma, ou seja, dos 40 dias de reflexão e jejum que antecedem a Semana Santa e a Páscoa.

O Papa, que está celebrando esta data em seu quarto no décimo andar do hospital policlínico Gemelli, foi visitado pelo cardeal italiano Camillo Ruini, que quis tranqüilizar a opinião pública sobre as condições de saúde do sumo pontífice. "Ele está verdadeiramente bem de saúde", afirmou o prelado, dizendo ter conversado com João Paulo II sobre os problemas internos da Igreja e sobre o início da Quaresma.

"Quero enviar à opinião pública uma mensagem de tranqüilidade e plena confiança", concluiu. O cardeal americano James Francis Stafford foi encarregado de presidir a cerimônia na basílica de São Pedro, diante de centenas de religiosos e fiéis. "Pensamos no Papa com carinho e pedimos ao Senhor que lhe conceda a graça necessária para que com seu carisma possa confirmar nossos irmãos na fé", acrescentou.

A atitude de uma parte da hierarquia da Igreja diante da deterioração das condições de saúde de João Paulo II, evidente aos olhos do mundo, sobretudo depois de sua dramática aparição de domingo na janela do hospital, motiva o debate entre católicos de vários países.

"A verdade é que, com sua crescente incapacidade, inicia-se uma nova fase do pontificado, diante da qual a cúria romana, que dizer, o governo central da Igreja, está dividida", escreveu nesta quarta-feira o vaticanista do jornal La Repubblica, Marco Politi.

Por um lado, há os tradicionalistas, que não querem que a situação mude e apóiam a idéia de que o Papa continue no trono até o final. Entre eles o cardeal colombiano Darío Castrillón Hoyos, responsável do clero e o cardeal Giovanni Battista Re, encarregado dos bispos, que rejeitam a idéia da renúncia do Papa. "Não há necessidade em absoluto de falar disso (da eventual renúncia) porque o Santo Padre tem em suas mãos experientes e santas o timão da Igreja. Ele está acompanhando todos os grandes problemas", declarou Castrillón Hoyos.

Outros padres são mais pragmáticos com relação à possibilidade de o Papa abdicar, como fizeram apenas cinco ou sete pontífices na história milenar da Igreja. "Temos que ver se já não chegamos ao limite. Isso ele é quem tem de julgar, diante de Deus", destacou por sua vez o cardeal argentino Jorge Mejía, ex-companheiro de estudos do Papa. "Sentimos muito porque o queremos muito e esperamos que ele esteja bem e que continue melhorando, mas se não dá, não dá", destacou Mejía. Desde segunda-feira não foi divulgado nenhum boletim oficial sobre a saúde do Papa. O porta-voz do Vaticano anunciou que o próximo informe sairá esta quinta-feira e deverá indicar o dia em que o Pontífice terá alta.

Na sexta-feira, o Papa tinha programado presidir na basílica de São Pedro a missa pela Jornada Mundial dos Doentes. É possível que para esta ocasião João Paulo II dê a benção da policlínica ou de seu apartamento particular no Vaticano se os médicos o autorizarem a deixar o hospital.




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