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PT pode encolher 20% na região com vitória do Campo Majoritário
Por Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
11/09/2005 | 07:40
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O PT regional corre o risco de perder parte da esquerda do partido, estimada entre 15% e 20% de seus 24.560 filiados nas sete cidades do Grande ABC - berço histórico da legenda. A saída em massa seria uma resposta à eventual continuidade do comando nas mãos do Campo Majoritário - que agrega os setores moderados. O clima de pressão é temperado pelas denúncias de corrupção que afetaram a cúpula do partido em Brasília, mas gera críticas melancólicas do grupo dirigente. "O PT precisa de militantes que estejam firmes na saúde e na doença, na alegria e na tristeza", declara o coordenador do partido na região, Hamilton Lacerda, de São Caetano. É dele a avaliação de que a crise política vai fatalmente custar a amputação de pelo menos um pedaço do organismo. "Eu não acredito que toda a esquerda vá se retirar. Aliás, eu torço para que isso não aconteça", afirma o petista.

O secretário estadual de organização do PT, Luiz Turco, também estima perdas futuras. "O PT pode sofrer um abalo, que é normal. Existem pessoas que não vão concordar com os encaminhamentos e pode ser até que alguns filiados se desliguem do partido. Mesmo depois das eleições internas do partido, tem outro processo que é o que acontece no Congresso (a investigação de denúncias de corrupção). Ninguém saberá o fim disso", afirmou Turco.

Na avaliação de Hamilton, o PT tinha 800 mil filiados arregimentados em todo o país na campanha de 2003. É o dobro do que o partido tinha em 2001. Portanto, numericamente, a redução terá impacto relativo. O problema é a perda política, como alerta o deputado federal Ivan Valente (PT), ligado à esquerda e candidato a presidente da chapa estadual ao lado de Plínio de Arruda Sampaio. "Independentemente do resultado do PED (Processo de Eleições Diretas) já temos uma perda grande para o partido. Se tiver resultado no processo de eleição interna que não responsabilize ninguém pela crise, pode haver ainda mais desencanto."

Valente rechaça a idéia de pensar nas perdas do processo político interno apenas em números. "Eles estão pensando mais no aparelho do que no instrumento de mudança social. Se a esquerda sair, o prejuízo é mais político do que numérico", afirma.

Um dos fundadores do partido, Valente afirma que não deve deixá-lo. Caso tivesse intenção de mudar e ao mesmo tempo permanecer na disputa pela reeleição para a Câmara, o parlamentar, que tem base eleitoral em São Caetano, deveria tomar a decisão até 30 de setembro. "Teria de fazer consultas ao meu grupo político e nem sei ainda se serei candidato no ano que vem", afirma, modesto. O deputado calcula que uma vez decidida a saída do grupo de esquerda, entre 500 e 1 mil militantes deixariam o PT.

O principal candidato a substituir o ex-presidente José Genoino é o ex-ministro do Trabalho Ricardo Berzoini (Campo Majoritário). Mas, além dele, estão no páreo Valter Pomar (Articulação de Esquerda), Raul Pont (Democracia Socialista), Plínio de Arruda Sampaio (Força Socialista) e Marcos Sokol (O Trabalho). Valente observa com cuidado as movimentações dos grupos do Campo Majoritário ligados a Marta Suplicy e ao deputado Enio Tatto que interferem no apoio a um ou outro candidato. Ele acha que esse comportamento pode invocar a realização do segundo turno. "O que isso significa em matéria de mudança não está claro. Pode mudar sem fazer mudança. Vai uma chapa de esquerda para o segundo turno", finaliza Valente.




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