Setecidades Titulo Vacinação infantil
Estado vacinará crianças mesmo sem aval federal

Promessa de João Doria é iniciar imunização independentemente do Ministério da Saúde

Por Dérek Bittencourt
29/12/2021 | 00:01
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza/DGABC


Governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB) declarou ontem que pretende iniciar a vacinação contra a Covid-19 no público infantil o quanto antes. Mesmo de licença até o dia 2, o chefe do Palácio dos Bandeirantes se manifestou por áudio e confirmou que vai seguir com essa ideia “com ou sem aprovação do Ministério da Saúde”, isso um dia depois de o ministro Marcelo Queiroga dizer que a aplicação de dose em crianças de 5 a 11 anos será em janeiro – antes, ele, inclusive, já havia condicionado a vacinação infantil à prescrição médica e ao consentimento dos pais.

Na segunda-feira, o governo paulista havia divulgado como será a carteirinha destinada às crianças, que, inclusive, já teve início de fabricação. “São Paulo sempre defendeu a medicina, a ciência, a saúde e a vida, e vai continuar a fazê-lo, por isso autorizamos a produção das carteirinhas de vacinação para crianças, porque confiamos que teremos a vacina para as crianças logo no início de janeiro”, decretou Doria. 

Desde o início da pandemia, o governador de São Paulo e o Ministério da Saúde não falam a mesma língua e, nesta situação envolvendo a vacinação infantil, não tem sido diferente. Por isso, João Doria diz que não espera “formalização” da pasta federal. “A questão não é a formalização, mas a proteção à vida, às pessoas, aos nossos filhos, a essas crianças vulneráveis diante de uma pandemia que já levou milhares de vidas. E tudo o que não queremos é que as vidas de nossos filhos e netos sejam também levadas”, afirmou o governador.

Sendo assim, mesmo sem o aval do ministério, São Paulo deverá iniciar a imunização das crianças nos primeiros dias de 2022. “São Paulo vai fazer todos os esforços possíveis para aquisição da vacina para as crianças”, declarou.

João Doria ainda defende que a aplicação nas crianças de 5 a 11 anos seja feita com dose de Coronavac. Por enquanto, a única autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é a da Pfizer. Assim, o governador paulista disse estar “gestionando” um pedido de uso emergencial à agência reguladora. “Respeitando a Anvisa e sua qualidade, para que possa avaliar e autorizar”, disse, ressaltando a eficácia do imunizante em países da América do Sul que imunizam crianças, como Chile e Equador.

QUEDA DE BRAÇO

A vacinação infantil é o mais recente motivo para discórdia entre João Doria e o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), futuros concorrentes ao posto de chefe da Nação. Bolsonaro é contrário, e na segunda-feira informou que não vai imunizar sua filha Laura, 11 anos. Tal posicionamento, entretanto, contraria a posição dos próprios técnicos do Ministério da Saúde. A Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, vinculada à pasta, elaborou nota técnica em que reforça a segurança da aplicação das vacinas em crianças.

“A recomendação do Ministério da Saúde é pela inclusão das crianças de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, conforme posicionamento oficial da pasta declarado em consulta pública no dia 23 de dezembro e reforçado pelo ministro da Saúde em manifestações públicas”, afirmou, em nota, a pasta.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;