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Ele testemunhou a agonia de um jornal. Descobriu Santo André. E fez história no colunismo social

Há exatamente meio século – em 23 de novembro de 1971 –, Chiquinho Palmério iniciava atividades aqui no Diário e em pouco tempo trocaria São Paulo pela região, onde vive até hoje

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
23/11/2021 | 00:01
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Foi tudo muito rápido:

 Chiquinho trabalhava desde a segunda metade da década de 1960 no jornal A Gazeta, que foi um dos ícones da imprensa paulistana. 

Lançado em 1906, A Gazeta vestiu a camisa republicana, trouxe muito do jornalismo do século XIX para o século XX, inovou-se em seguida, reformulou-se e da sua redação nasceu a primeira faculdade de jornalismo do Brasil.

A Gazeta foi também o embrião da Fundação Cásper Líbero, mantenedora até hoje da própria Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e da TV Gazeta.

Mas naquele início da década de 1970, o jornal A Gazeta, já integrante do Grupo Folhas, não ia bem. Chiquinho precisava mudar de ares.

E foi num dos corredores da Folha que Chiquinho ouviu o conselho do jornalista Romeu Agnelli, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo:

– Palmério, em Santo André, quatro jovens estão fazendo um bom jornal. O Diário do Grande ABC está crescendo. Por que você não tenta uma colocação?

Com seu automóvel Citroen 1951, Chiquinho veio a Santo André. Foi recebido pelo diretor de Redação, Fausto Polesi, um dos quatro jovens citado por Romeu Agnelli. Uma data inesquecível: 22 de novembro de 1971. Dia seguinte, estava empregado.

Chiquinho formou um trio com o secretário de Redação, Carlos Pizarro, e com o copidesque Jaime Gonçalves. Cuidava do noticiário nacional e internacional e ficava até o fechamento, não mais que 22h30, pois o último trem para São Paulo saia às 11 da noite – e aqui o nosso personagem lembra o Trem das Onze, de Adoniran Barbosa.

Deixava o Citroen numa rua da Barra Funda. Era mais prático – e barato – vir de trem. Ele morava no bairro das Perdizes e Pizarro na Pompeia. Os dois viajavam diariamente juntos no famoso trem das 11.

Serafim Vicente era o colunista social, e Chiquinho Palmério o substituiria no início de 1972, sempre a pedido do diretor Fausto Polesi.

Dos tempos de A Gazeta, muitas lembranças. Quando Chiquinho começou, a Redação ficava na Rua Cásper Líbero, no prédio imponente onde uma das salas era ocupada pelo maestro Armando Belardi, diretor artístico da Rádio Gazeta e com alto cargo no Teatro Municipal de São Paulo.

Ali, Chiquinho conviveu com algumas feras do jornalismo paulistano, entre as quais o professor Hélcio Carvalho Castro, o Carvalhinho, que pedia a ele que preparasse os originais de outro veterano, Gumercindo de Pádua Fleury, diretor de A Gazeta e que redigia a mão – com uma letra miudinha que ele aprendera a decifrar.

Chiquinho participou da mudança de A Gazeta para a Avenida Paulista; e quando Octavio Frias de Oliveira comprou o jornal, a Redação mudou para a Alameda Barão de Limeira. Ali chegaria ao fim, no mesmo prédio em que Chiquinho foi orientado a procurar um jornal que crescia, o Diário do Grande ABC da Rua Catequese.

Com a história cinquentenária do Chiquinho Palmério, uma boa notícia: o Banco de Dados do Diário guarda todos os negativos fotográficos usados pelo jornal nestes 50 anos – de 1971 até a era digital. 

Aquelas fotografias, com as matérias por elas ilustradas, contam a história contemporânea do Grande ABC das sete cidades.

Esta página Memória planeja recorrer muito àquele material, num trabalho sob a supervisão da responsável pelo Banco de Dados, jornalista Cecília Del Gesso. Teremos novidades. Aguardem.




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