Um professor e uma estudante se juntaram para conspirar contra os “ignorantes especializados”. Escreveram um livro que critica a postura dos mestres que se acham os donos do saber. Sérgio Simka, professor de Português da andreense UniABC (Universidade do Grande ABC), e a aluna Iara Cristina de Fátima Mola transformaram suas conversas sobre ensino e aprendizagem na novela A História de Professores Singulares (Editora Uniabc, 64 págs., R$ 10).

É verdade que o livro faz muito mais uma homenagem aos professores que mantêm relação humana com os aprendizes. Os autores conversaram sobre o tema e, do bate-papo, Simka escreveu o artigo Singularidade docente, publicado em revista universitária. O texto é reproduzido no livro e, na história, serve como aproximação entre o professor João Vítor e a aluna Iolanda.

Os personagens, assim como os autores, oferecem uma pergunta: Que marcas um professor pode deixar no aluno? O próprio Simka desenvolveu um bloqueio contra a matemática por causa de uma professora do tipo arrogante. “Até hoje não sei e não gosto do assunto”, confessa. Com este exemplo, o professor reforça a teoria de que o mestre “dono do saber” afasta o aluno das dimensões cognitiva e afetiva e, portanto, do aprendizado.

Simka e Iara decidiram romancear o assunto para atingir um maior número de pessoas. Dividiram a obra em seis capítulos, com títulos como “Empatia”, “Vivendo, amando e aprendendo” e “João Adams – ser humano é contagioso”. A história não evolui bombardeada por conflitos, segue numa crescente de exemplos positivos.

Esta característica otimista do livro revela um traço da jovem escritora Iara Cristina de Fátima Mola, 20 anos. “Pretendo fazer uma literatura de qualidade com a intenção de provocar boas emoções, boas recordações. Quero também provocar reflexão, mas sem motivar revolta ou tristeza nas pessoas”, diz Iara.

Inspiração – Ano passado, Iara iniciou o curso de Letras na UniABC e percebeu a afinidade com o professor de Português. Compartilharam as opiniões sobre ensino e sobre o gosto por escrever. Ele pediu para que a estudante passasse para o papel as primeiras impressões da faculdade. A idéia progrediu e virou o livro.

Em A História de Professores Singulares a personagem Iolanda traz muito das experiências de Iara. “A personagem é uma projeção minha”, afirma. Mas a autora diz que para o leitor não importa se é ficção ou realidade: “O importante é o conteúdo, que desperta lembranças e tem sua carga crítica”.

Apesar de tratar de um tema que interessa a quem trabalha no setor da Educação, o livro pode almejar um público mais amplo. “Todos passamos pela escola, todos podemos lembrar dos professores que nos transmitiram carinho e de outros que não fizeram diferença”, diz.

Iara fala que ainda tem muito para aprender como escritora (“graças a Deus existe evolução no ser humano”), mas já sabe como quer ser reconhecida. “Gostaria de ser lembrada como a autora de um livro que tenha feito diferença para algum leitor”, afirma. Seus autores preferidos são Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade e César Magalhães Borges. No próximo dia 9, em São Paulo, ela lança o livro Nos Anversos da Alma, uma mistura de poesia e prosa.