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Comédia alimenta fofoqueiros de plantão
Por Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
30/06/2006 | 08:32
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Consideremos este Separados pelo Casamento a resposta de Jennifer Aniston a Sr. e Sra. Smith. Foi por ocasião daquele filme que a ex-Friends “perdeu” o então marido Brad Pitt para a atriz Angelina Jolie – momento que extasiou o jornalismo de futricas. Pois bem, Jennifer passou pelo calvário da maior abandonada, até começar a filmar a comédia romântica de Peyton Reed que estréia nesta sexta-feira. Iniciaram as especulações de que ela e o ator Vince Vaughn, seu parceiro no novo filme, começaram a se engraçar. Vieram as fotos dos dois juntos fora do expediente e as negativas habituais, até a confirmação: Jennifer e Vaughn estão de fato juntos, são chamados de “casal Vaughniston” pela mídia fofoqueira e ele, no tom de ironia peculiar à turma de amigos que freqüenta (Owen Wilson, Will Ferrel e Ben Stiller), já diz estar preparando o “casório de US$ 8 milhões”.

Menos do que almejar o ingresso no modo “tricoteiro” de fazer jornalismo, encarar Separados pelo Casamento como o troco a Sr. e Sra. Smith consiste em entender como funciona essa máquina de promoção cinematográfica. Paradoxalmente, a mais-valia publicitária do filme é sua grande fragilidade. Juntos, Jennifer e Vaughn funcionam como casal e garotos-propaganda; como dueto protagonista de uma comédia romântica, não.

O gênero aliás ganhou oxigênio de Reed por ocasião do certeiro Abaixo o Amor (2003). A sacada inicial de Separados pelo Casamento vai na mesma onda do filme anterior do cineasta, ao repensar a comédia romântica como arcabouço utópico do relacionamento amoroso.

E eles viveram felizes para sempre... O epílogo da maioria dos romances aqui vira prólogo. A marchand Brooke (Jennifer) e o guia turístico Gary (Vaughn) acabaram de se casar e percebem que a barra de dividir uma casa é mais pesada do que apontam os manuais de casamento. Separam-se por falta de tolerância, mas continuam a dividir o teto, já que nenhum dos dois faz a menor menção de arredar pé.

A partir de então, os amigos do casal organizam uma espécie de mutirão pela reconciliação. E praticamente todas as estratégias para remendar o casal são decalcadas do imaginário coletivo que o cinema romântico implantou nos espectadores e nos amantes décadas a fio.

A premissa de Separados pelo Casamento é muito boa, ao se oferecer como continuação de boa parte dos filmes que terminam no altar. Reaviva, de modo um bocado mais sutil, a batalha doméstica que substituía a legalidade civil em A Guerra dos Roses (1989, de Danny DeVito) e que, paralelamente, tenta mostrar que se relacionar é algo mais do que o modelo donzela-príncipe encantado que Hollywood teima em empurrar retina abaixo.

A grande trava da comédia de Reed é justamente a indefinição de registro da câmera, que tende mais para o carisma paisagístico de Jennifer quando tem à disposição o humor que combina simultaneamente a decadência e a irascibilidade masculinas na figura de Vaughn. A corda, ou melhor, a lente rompe do lado mais frágil (Jennifer). O efeito é que a química na tela pena para borbulhar.

SEPARADOS PELO CASAMENTO (The Break-up, EUA, 2006). Dir.: Peyton Reed. Com Jennifer Anniston, Vince Vaughn, Jon Favreau, Judy Davis, Cole Hauser. Estréia nesta sexta-feira no ABC Plaza 4, Shopping ABC 1, Extra Anchieta 5, Mauá Plaza 1 e 5, Central Plaza 2 e circuito. Duração: 105 minutos. Censura: 14 anos.




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