Segundo fontes judiciais, este tribunal pode absolver Safiya Husaini, do povoado de Tungar-Tudu, no Noroeste da Nigéria, já que os argumentos da acusação não convenceram os quatros juízes do tribunal.
Em qualquer caso, se essa instância não aceitar o recurso apresentado por Husaini, a acusada pode recorrer ainda ao Tribunal de Apelação do estado de Kaduna e depois ao Tribunal Supremo da Nigéria.
Se nenhum dos recursos for adiante, algo que parece improvável, a mulher pode pedir clemência ao governador do Estado de Sokoto. O caso de Safiya suscitou indignação e fortes protestos na Europa. A mulher foi declarada cidadã honorária da cidade de Nápoles (Sul da Itália)e a Anistia Internacional recolheu mais de 350 mil assinaturas a favor da sua absolvição. Os 15 países da União Européia expressaram seu apoio.
Na terça-feira passada, o ministro espanhol de Assuntos Exteriores, Josep Piqué, que falou em nome dos Quinze, protestou contra a "inacreditável crueldade da sentença, determinada de acordo com a Lei Islâmica (Sharia) adotada pelo estado de Sokoto em janeiro de 2001.
A onda de protestos parece ter produzido algum efeito, já que o ministro nigeriano de Justiça, Kanu Agabi, afirmou que os 12 estados da Nigéria que aplicam a Sharia estão violando a constituição do país, que proibe discriminação por motivos religiosos ou de sexo.
Safiya foi condenada à pena de morte no dia 9 de outubro de 2001 pelo tribunal islâmico de Sokoto, que levando em conta que ter uma filha depois do divórcio era uma prova do adultério, declarou-a culpada.
Num primeiro momento, Safiya alegou que tinha sido violentada por um primo, mas depois se retratou das primeiras acusações e afirmou que o pai da sua filha era seu ex-marido, do qual se divorciou há dois anos.
Segundo a Sharia, não é considerado adultério a relação que uma mulher tenha com seu ex-marido até que se passem pelo menos seis anos da separação ao divórcio.
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