Setecidades Titulo Respiração
Doenças respiratórias matam uma pessoa a cada três horas e meia

Em 2017, segundo Datasus, o Grande ABC registrou 2.452 óbitos; poluição agrava quadro, principalmente entre crianças, idosos e gestantes

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
14/08/2019 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Doenças respiratórias como asma, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e câncer de pulmão mataram, em 2017, 2.452 pessoas no Grande ABC, média de um óbito a cada três horas e meia. Os números são do Datasus, banco de dados do Ministério da Saúde. A data de hoje, 14 de agosto, é dedicada ao combate da poluição, fator que agrava os quadros de desconfortos e problemas respiratórios, especialmente a emissão de material particulado pela queima de combustíveis. Os grupos mais vulneráveis são idosos, crianças e gestantes.

Pneumologista do Hospital Assunção de São Bernardo e professor de pneumologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Franco Martins explicou que a poluição ambiental é responsável por cerca de 1 milhão de óbitos no mundo. “Deste total, pelo menos 20 mil são causados pela poluição atmosférica (acúmulo de substâncias tóxicas e químicas no ambiente, principalmente gás carbônico)”, pontuou. 

Martins afirmou que os pacientes devem estar atentos aos sintomas como tosse com secreção acompanhada de falta de ar, cansaço, chiado, dor ou aperto no peito. “Isso pode ser indicativo de manifestação de algumas doenças, como pneumonia, bronquite ou enfisema, especialmente a falta de ar”, destacou. “Ainda que não existam os outros sintomas, em caso de tosse por mais de duas semanas, um médico deve ser consultado”, completou.

Dados da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) indicavam, na tarde de ontem, que das estações de medições de qualidade do ar em cinco cidades da região (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá), apenas em Diadema e em Santo André a qualidade era considerada boa. 

O índice, que varia de zero a 400 microgramas de MP10 (partículas inaláveis resultado da queima de combustíveis fósseis) por m³, apontava 49 para Diadema e 35 para Santo André. Nas demais cidades, o ar era considerado com qualidade moderada: 50 e 53 nas duas estações de São Bernardo, 59 em São Caetano e 48 em Mauá. Nestes casos, o boletim alerta para os riscos às pessoas que têm doenças respiratórias e/ou cardiovasculares.

AÇÕES 

Em celebração ao Dia de Combate à Poluição, a Prefeitura de Mauá promove, no dia 20, palestra sobre as principais fontes de poluição no mundo, quais os problemas causados e como eliminá-las. A atividade, ministrada pela técnica ambiental e ecóloga da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, Marcella Fortes, será realizada nas escolas estaduais Manoel Cação (Jardim Sonia Maria) e Maria Josefina Kuhlmann Fláquer (Jardim Silvia Maria). 

Santo André e São Bernardo não vão realizar atividades específicas, mas destacaram iniciativas de combate à poluição, como vistorias nos veículos da frota da administração, incluindo os ônibus municipais. As outras cidades não responderam até o fechamento desta edição. 

Consórcio chegou a debater inspeção veicular na região

A inspeção veicular, que já foi obrigatória na cidade de São Paulo entre 2008 e 2014, é apontada por especialistas como uma das saídas para melhorar a qualidade do ar. Na região, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC chegou a debater, entre 2011 e 2012, a possibilidade de instituir a medida. A iniciativa foi abandonada e, segundo o colegiado e a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), não existe nada em discussão atualmente.

Em 2013, o governo estadual foi condenado em primeira instância, em ação civil pública impetrada pelo MP (Ministério Público), a implementar a inspeção veicular em 124 municípios, incluindo os sete da região. O Estado apresentou recurso em 2014, que ainda não foi julgado. Em maio deste ano, atendendo a uma representação do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), o MP oficiou o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) para que implemente em todo o País a inspeção. O órgão ainda não se manifestou.

Conselheiro do Conama e presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), Carlos Bocuhy afirmou que, se benfeita, a inspeção veicular tem potencial para reduzir em até 20% as mortes causadas pela poluição. O conselheiro destacou que há soluções tecnológicas para reduzir a emissão de poluentes. “O dinheiro que a indústria não quer investir para resolver essa questão o governo gasta ou com o SUS (Sistema Único de Saúde) ou perde em doenças e mortes de pessoas em idade produtiva”, afirmou.




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