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Sem rádios, GCM de Diadema se comunica por meio de WhatsApp

Prefeitura está há mais de um ano sem pagar empresa que faz manutenção do sistema

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
17/04/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Os GCMs (Guardas Civis Municipais) de Diadema estão, há pelo menos duas semanas, utilizando o aplicativo WhatsApp para se comunicar. Isso porque os rádios da corporação não estão funcionando, desde que os repetidores – equipamentos que mantém a rede de comunicação no ar – foram retirados pela empresa que presta o serviço de manutenção, a Ramc Telecomunicações. No site da Transparência da Prefeitura, é possível verificar que, durante todo o ano passado, não foi feito nenhum pagamento referente ao contrato, no valor total de R$ 181.296,66. O débito total é de R$ 226,6 mil.

Integrantes da guarda ouvidos pelo Diário sob anonimato reclamaram das condições precárias de trabalho, que vêm se agravando nos últimos anos. O problema mais recente é o dos rádios, que obriga os profissionais a se conversarem por meio do aparelho celular, em grupos do WhatsApp. “O rádio é rápido. A gente aperta um botão e comunica a ocorrência. Com o celular, pode faltar sinal, o guarda pode demorar para ver, a gente está exposto a muitos riscos”, relatou um guarda. Os oficiais afirmaram que já ocorreram situações em que não foi possível chamar reforços. 

VIATURAS

Os problemas afetam a GCM em várias frentes. Ao menos 21 veículos da frota, que conta com 44 automóveis, estão encostados em um pátio da Prefeitura, na Avenida Ulysses Guimarães. A equipe do Diário esteve no local ontem e constatou as viaturas estacionadas. Falta dinheiro para manutenção dos veículos, mas também para a compra de itens básicos utilizados pelos guardas na sede, como pó de café, copos descartáveis e até papel higiênico, que vêm sendo comprados por meio de rateios entre os oficiais.

A falta de viaturas na frota tem reduzido o número de chamados atendidos pela GCM e, segundo um dos oficiais ouvidos pela reportagem, fez com que as rondas escolares fossem suspensas. Além disso, ao menos 30 próprios municipais estão sem guardas patrimoniais. “Isso tem aumentado o número de furtos e vandalismos”, destacou o guarda. No último domingo, a UBS Vila Nogueira teve cabos de energia furtados. A vacinação foi transferida para outras unidades e os atendimentos foram suspensos.

Um porta-voz da empresa confirmou a dívida, mas devido cláusula de confidencialidade, não detalhou os valores. O representante também ratificou a retirada dos equipamentos, mas negou que tenha sido pelos débitos, e sim, por falhas técnicas. Ele afirmou ainda que os mesmos serão repostos assim que forem consertados. Como se trata de contrato antigo, afirmou a fonte, não há interesse no rompimento, apesar dos atrasos.

Em nota, a Prefeitura de Diadema informou que as atividades da GCM continuam sendo realizadas diariamente, tanto de patrulhamento como de ações especiais. “As viaturas que estão em manutenção não impedem que o serviço seja realizado. Quanto ao contrato com a empresa, continua vigente e em vigor. Alguns aparelhos precisaram de manutenção e amanhã (hoje), voltam a funcionar normalmente. As rondas escolares continuam sendo realizadas no município e não estão suspensas.” A administração não informou, no entanto, qual a previsão de pagamento dos débitos em aberto. 




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