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Diadema é cidade com maior índice de roubo a motoristas de aplicativos

Nove em cada dez casos registrados em 2018 no Grande ABC ocorreram no município, segundo SSP

Daniel Macário
18/03/2019 | 07:08
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Celso Luiz/DGABC


Levantamento feito pelo Diário com base em registros de boletim de ocorrência mostra que Diadema é o município mais perigoso do Grande ABC para motoristas de aplicativos direcionados ao transporte individual de passageiros. Segundo dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública), em 2018, nove em cada dez casos de roubo praticados contra esses profissionais durante o horário de serviço foram observados na cidade.

Conforme relatório – obtido pela equipe do Diário via Lei de Acesso a Informação –, no ano passado, das 32 ocorrências lavradas junto à Polícia Civil envolvendo motoristas de aplicativo, 28 ocorreram em Diadema. Os casos envolvem desde roubo de veículos até pertencentes das vítimas, como celular e dinheiro.

Deste total, 11 crimes foram cometidos na área do Casa Grande. O bairro está no topo das locais mais perigosas na região para motoristas de aplicativos. A Rua João Batista Alves do Nascimento, na Vila Nogueira – que em apenas dois meses teve três casos de roubo –, lidera o ranking de vias com maior incidência de registros.

Embora Uber e 99, principais empresas do setor que atuam no Grande ABC, neguem qualquer restrição de atendimento a estas áreas consideradas de alto risco, usuários já enfrentam dificuldades em acessar o serviço em algumas localidades de Diadema. No caso de corridas com destino a bairros como Casa Grande, Vila Nogueira e Jardim Promissão, todos na cidade, motoristas têm sido alertados pelos próprios aplicativos, por meio de mensagem, sobre “maior risco de crimes” nestas áreas. As prestadoras do serviço dizem que a medida é uma forma de incentivar a “liberdade aos parceiros para que tomem a melhor decisão baseados nos próprios contexto e experiência”, considera a 99. 

Em mecanismo ainda mais rígido, a Uber assume usar tecnologia para bloquear viagens consideradas mais arriscadas, sem citar como é feita a seleção destes locais.

No entanto, para motoristas, as medidas não têm surtido o efeito esperado. É o que conta o músico Simão Munhoz Flores, 33 anos, que abandonou o trabalho como motorista de aplicativo após ser sequestrado e roubado durante a realização de viagem, no ano passado, durante o Dia dos Pais, em Mauá. “Foi um pesadelo. Atendi a chamada de uma mulher, com nome de Evelyn, e, quando cheguei no local indicado, numa rua sem saída, fui surpreendido por quatro rapazes que me sequestraram e, após horas rodando pela cidade, roubaram, além do meu veículo, os R$ 300 que havia ganho naquele dia.”

Para o coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), David Siena, o crescimento de roubos a condutores de aplicativos, requer o aprimoramento dos serviços de alerta aos parceiros. “Os aplicativos têm condições de mapear essa incidência de crimes e informar melhor os motoristas sobre os locais vulneráveis”, pontua. 

Questionada a respeito do assunto, as duas empresas negaram informar ao Diário os pontos com maior incidência de crimes ou áreas onde as corridas são restritas. Porém, garantiram oferecer itens de segurança aos usuários e motoristas. A Uber diz que lançou ferramenta que reúne os recursos de segurança para parceiros, inclusive botão para ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente pelo aplicativo. A empresa anunciou, ainda, seu primeiro centro de desenvolvimento tecnológico da América Latina, em São Paulo, com foco inicialmente em segurança. Serão até 150 especialistas trabalhando neste projeto, que receberá investimentos de R$ 250 milhões.

A 99 garante que, para garantir a segurança de motorista e usuários, tem equipe composta por mais de 100 pessoas incluindo ex-militares, engenheiros de dados e psicólogos para trabalhar em cima das ocorrências, além de câmeras de segurança instaladas nos veículos.  




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