Cultura & Lazer Titulo
Yes, nós temos Pop Art
Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
28/03/2010 | 07:01
Compartilhar notícia


 

Em diálogo com a retrospectiva Andy Warhol - Mr. America, aberta na Pinacoteca do Estado, a exposição Nitsche e Tozzi: a Pop Art Brasileira é centrada, como o título indica, na versão nacional do movimento que surgiu na Inglaterra, nos anos 1950, e floresceu na década seguinte, nos Estados Unidos. Esta mostra, que é inédita, pode ser visitada a partir de amanhã, no Espaço Cultural Citi, em São Paulo, com entrada franca.

Quem representa o País são os paulistanos Marcello Nitsche e Claudio Tozzi, ambos nascidos na década de 1940. "Eles são históricos na nossa arte. Estiveram presentes nos grandes movimentos culturais do século 20, sempre em destaque, com inovações", aponta o curador Jacob Klintowitz, que selecionou 17 trabalhos de cada um, entre telas, esculturas e objetos.

Na esperança de que as pessoas sintam ainda mais curiosidade de conhecer as obras brasileiras, tendo já contato com o ícone da pop art Warhol (1928-1987), Klintowitz destaca que a mostra inédita tem a proposta de completar a informação. "É uma oportunidade para o público entender esse fenômeno cultural", afirma.

Quem visitar as exposições pode comparar as duas estéticas. O curador já adianta que muito se difere a arte brasileira daquela produzida nos Estados Unidos. Enquanto o norte-americano constata, referenda e, em boa parte das obras, exalta a cultura de massa, o brasileiro verifica, reflete e faz uma avaliação crítica do mundo.

A disparidade no discurso pode ser justificada por meio dos diferentes contextos históricos. "Nos Estados Unidos (que viviam o pós-Guerra), os artistas faziam críticas ao consumo. Já o Brasil enfrentava momento de opressão com o golpe em 1964. A pintura e os objetos tinham sentido de denúncia", explica Tozzi. Eram feitas imagens que mostravam insatisfação, a exemplo da obra Guevara Vivo ou Morto, personagem símbolo de revolução.

No entanto, Klintowitz não compartilha dessa ideia. "A arte, como qualquer outro setor politizado do Brasil, era contra o regime. Mas o objetivo era refletir sobre a sociedade de produção e consumo em massa. Se não houvesse regime, teria existido da mesma maneira. Está ligada com a transformação do mundo social", analisa.

Enquanto obras no país do Tio Sam eram expostas em galerias e museus, aqui tinham como espaço praças públicas. A arte também não era só contemplativa. "Havia participação física do espectador na tentativa de desmitificar a obra, tanto que existem poucos trabalhos dessa época (década de 1960). Eles se desgastaram", conta Nitsche.

Não há apenas diferenças. Uma técnica em comum é a apropriação de imagens já existentes no mercado - relacionadas a publicidade, televisão, quadrinhos, jornais -, seguida de repetição, como as serigrafias de latas Campbell's (de Warhol) e do trabalho Papagália (de Tozzi).

Com auge na década de 1960, o movimento se estendeu até os anos 1970. Mas Klintowitz vai além. "De alguma maneira, continua existindo. (A arte pop) não é um objeto de moda, que passa uma vez mostrada a coleção. É um procedimento, uma forma de ver o mundo", defende.

Nitsche e Tozzi: a Pop Art Brasileira - Exposição. Abre amanhã. No Espaço Cultural Citi - Avenida Paulista, 1.111, São Paulo. Tel.: 4009-3000. Visitação: de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h; aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. Grátis. Até 21 de maio.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;