O reajuste salarial para os servidores públicos de Santo André tem causado desentendimentos internos no primeiro escalão do governo Aidan Ravin (PTB). O secretário de Planejamento e Orçamento, Arnaldo Augusto Pereira, defende 5,5 % de aumento, enquanto que o comandante das Pastas de Saúde e Gabinete e homem-forte da administração, Nilson Bonome (PMDB), disse estar decidido "em brigar por 14%".

Arnaldo quer manter a previsão de reajuste que consta no Orçamento deste ano e pagar abono maior do que o pleiteado pela categoria, de R$ 250. Ele disse que a ideia é compartilhada pelo secretário de Administração, Milton Barreiro, que afirmou, no entanto, que "ainda não existe uma definição sobre o reajuste que será divulgado pela administração".

O secretário de Planejamento não disfarçou o desconforto. "Tive indisposição com o Bonome. Cada um defende seu ponto de vista. Não participei diretamente da negociação (com o Sindicato dos Servidores), mas acho que meu voto e o do Milton já foram vencidos." Para ele, qualquer tipo de incorporação afetará o custeio da Prefeitura. "Diminui a margem de investimento. Mas isso é questão de escolha do Nilson e do prefeito, da preocupação deles com os servidores e vamos respeitar", avaliou Arnaldo. O secretário deixou claro que, para atender a demanda de Bonome, o Paço terá de fazer remanejamentos e utilizar o superávit de 2010, na ordem de R$ 114 milhões.

Bonome afirmou que lutará até "o último minuto por reajuste de 14%" para o funcionalismo. "Ganhando mais, o servidor trabalha melhor."

Ele disse que se reunirá com o prefeito hoje pela manhã para "ver qual proposta ele apadrinhará". Afirmou ainda "que a briguinha interna é administrável". O secretário argumentou sua proposta é baseada no impacto econômico estudado quando era secretário de Finanças e que o aporte será possível com alguns ajustes. "Hoje, a folha de pagamento está na casa dos R$ 390 milhões (anuais). Com esse reajuste deve passar para cerca de R$ 440 milhões."

Já o Sindicato dos Servidores Públicos anunciou que realizará hoje, às 18h, no Paço, assembleia com os trabalhadores para votar proposta aceita pelo Paço durante negociação ontem.

A entidade pleiteava reposição salarial desde 1997, o que significa 61,94% de aumento. A presidente do Sindserv, Fátima de Carvalho, explicou que a proposta inicial do governo petebista era conceder 7% de reajuste, mais R$ 200 de abono em julho. Diante da negativa, a gestão Aidan considerou uma das contrapropostas apresentadas pela categoria que prevê 8% de reajuste, R$ 50 para ser incorporado ao salário, além de R$ 250 de abono para serem repassados em julho. Mas, diante da queda de braço entre os secretários, essa tendência de percentagem e valores deve ficar em segundo plano e ser alterada.