Esportes Titulo Histórico
Brasil retoma a hegemonia no vôlei

Depois de duas pratas seguidas, em Pequim-2008 e Londres-2012, Seleção volta ao lugar mais alto do pódio no Rio

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
22/08/2016 | 07:00
Compartilhar notícia
Ministério do Esporte/Divulgação


De quase eliminado na primeira fase a campeão olímpico. O vôlei masculino do Brasil experimentou as mais diferentes sensações durante a Olimpíada do Rio, mas deixou a quadra ontem comemorando a terceira medalha de ouro, que coroou uma das gerações mais espetaculares da história. O título veio depois do incontestável triunfo por 3 sets a 0 sobre a Itália (25/22, 28/26 e 26/24), no Marcanãzinho.

Campeão em Barcelona-1992 e Atenas-2004, o Brasil teve de se contentar com a prata em Pequim-2008 e Londres-2012 e passou por processo de reformulação nas mãos de Bernardinho. Se perdeu Giba, Dante e Ricardinho, ganhou, entre outros, Lucarelli e Wallace, dois dos grandes destaques no Rio de Janeiro. Além disso, contou com a desaposentadoria do líbero Serginho, que aceitou o convite para voltar à Seleção e foi eleito o melhor jogador da Olimpíada (leia mais abaixo).

O Brasil também mostrou no Rio de Janeiro uma nova faceta de Bernardinho. O técnico deixou de lado as broncas ríspidas que marcaram sua carreira por comportamento mais tranquilo, típico de quem sabia exatamente o que tinha nas mãos.

A conquista foi a sétima em nove Olimpíadas de Bernardinho, que deixou em aberto a continuidade do trabalho à frente da Seleção Brasileira. “Tenho de respirar e pensar. Tem de servir para eles (jogadores), servir para o vôlei brasileiro. Não é pessoal. Tenho de pensar um pouco. Agora é hora de refletir. Foi muito longo (o trabalho), foi duro, foi difícil. Não sou mais nenhum menino e tenho de pensar no que vou fazer”, declarou o treinador na quadra.
Bernardinho comemorou duplamente, já que também ajudou a dar o primeiro título olímpico ao filho Bruno. “Pensava muito nele, porque sofreu em Londres e em Pequim. Acho que ele foi um guerreiro, um maestro e cérebro fantástico da equipe”, elogiou.

Serginho chora no adeus e leva prêmio de melhor dos Jogos


Assim que o Brasil derrotou a Itália e confirmou o ouro, o líbero Serginho tirou sua camisa e colocou na quadra. A imagem é uma espécie de libertação para jogador que, aos 40 anos, aceitou desistir da aposentadoria para ajudar a Seleção e acabou coroado com o título de melhor jogador da Olimpíada.

O choro foi inevitável ao fazer balanço de tudo que viveu no vôlei, mas o discurso mostra que Serginho não suportava mais a desgastante rotina de um jogador profissional. “Só quero ir para casa. Não devo nada para ninguém, para nenhum filho e eles não têm mais por que ficar me cobrando ou dizendo que não viram o outro ouro (em Atenas-2004). Agora só quero ir para casa e tomar minha tubaína. Acabou, graças a Deus. Vou voltar para minha vida normal”, celebrou o líbero, que teve passagem pelo vôlei de São Bernardo.

Serginho é visto pelos próprios companheiros como um dos mais dedicados do elenco. Em nome do vôlei e da Seleção, ele deixou para trás hábitos que lhe trazem prazer, algo que pretende fazer assim que puder. “Preciso tomar tubaína e comer um frango com pirão da minha mãe ou o bolo de cenoura com chocolate. Quero buscar meus filhos na escola. Quero viver. Vou voltar a ser o Sérgio normal”, comemorou.

Desta vez, Serginho disse que a aposentadoria é irreversível. “Tinha dois sonhos. Um era ser jogador de vôlei. O outro é parar de jogar. Larguei minha camisa lá para não me chamarem de novo. Nem sei o que aconteceu com ela”, brincou. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;