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Real valorizado afeta indústria de autopeças
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
13/04/2011 | 07:11
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Divulgação


A forte valorização do real frente ao dólar está tirando ainda mais a competitividade da indústria brasileira nas exportações. Essa foi a queixa generalizada entre executivos do setor de autopeças durante a 10º edição da Automec (Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços), que teve início ontem e vai até sábado, dia 16, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.

O saldo da balança comercial (exportações menos importações) desse ramo industrial, a cada ano, torna-se mais negativo. Em 2007, o deficit foi de US$ 84 milhões e, em 2010, chegou a US$ 3,5 bilhões.

Neste ano, apenas no primeiro bimestre, já soma US$ 715 milhões, com vendas ao Exterior de US$ 1,46 bilhão e compras de itens estrangeiros de US$ 2,18 bilhões. Se anualizado, o deficit ficará na casa dos US$ 4 bilhões no fechamento de 2011.

O presidente do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Peças e Componentes Automotores), Paulo Butori, assinala que o momento é de dificuldades, já o real valorizado (o dólar na faixa de R$ 1,58 está no menor valor desde agosto de 2008) retira rentabilidade dos negócios. "O câmbio é extremamente favorável à importação e desfavorável à exportação", observa.

Isso apesar do aumento do faturamento. As vendas totais do setor devem crescer 4,3% neste ano, chegando a R$ 90,1 bilhões, de acordo com projeções dessa entidade empresarial.

Entre as empresas da região, a Magneti Marelli, que tem fábricas em Santo André e em Mauá, aponta queda significativa nas exportações. Segundo o presidente do grupo para o Mercosul, Virgilio Cerutti, as vendas ao Exterior correspondiam a cerca de 10% do faturamento no Brasil há dois anos, percentual que vai cair em 2011.

Cerutti exemplifica com sua linha de amortecedores (da marca Cofap), que praticamente não estão sendo mais exportadas. "Com a mudança do câmbio, perdemos competitividade", afirma.

O presidente da Delphi América do Sul, Gábor Deák, também avalia que o efeito cambial impacta nos negócios, ao tornar os produtos de outros países mais competitivos no Brasil. Além disso, as vendas externas também caíram. A companhia obtém hoje 15% de seu faturamento com exportações. "Já foi maior, mas precisaríamos ter condições econômicas mais favoráveis", diz.

Com o real sobrevalorizado, que se soma à carga tributária elevada, juros altos, entre outros entraves, as empresas do setor ampliam o foco no mercado interno, no atendimento a montadoras e ao mercado de reposição. As encomendas a outros países, que correspondia em 2007 a 13,1% do faturamento do segmento, em 2010 caiu para 7,5%.




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