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Hospital trata vício de jovens em Internet
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
24/03/2008 | 07:06
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O crescente número de jovens que trocam os estudos, passeios e até as refeições para passar horas na frente do computador levou o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo, a criar um grupo de apoio que oferece tratamento médico e psicoterapêutico gratuito a crianças e adolescentes, com idade entre 12 e 17 anos, viciados em Internet.

No último dia 13, a equipe comandada pelo psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Grupo de Dependentes de Internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, deu início às inscrições. “Quando iniciamos o trabalho com adultos, há cerca de dois anos, uma parcela significativa de mães passou a nos telefonar pedindo atendimento para os seus filhos, mas só agora conseguimos criar o grupo”, explica Abreu.

“No adulto, o vício é mais evidente. Mas os jovens já têm por hábito usar o computador. É uma característica social. Por isso, fica difícil para os pais saberem até que ponto o uso da Internet é ou não razoável, pois eles não tinham acesso a ela quando eram jovens.”

Por ser um costume próprio da idade e, portanto, menos evidente, o vício cibernético chega a casos extremos entre os jovens. “Há um adolescente de 16 anos, por exemplo, que não sai de casa há dois anos. Ele abandonou a escola, e a mãe chegou a lhe prometer um teclado para convencê-lo a sair”, relata Abreu, ressaltando que muitos adolescentes chegam a ficar 40 horas ininterruptas sem dormir, comer ou ir ao banheiro.

Algumas características comportamentais podem ajudar os pais a identificar um possível quadro de dependência. Adolescentes que preferem atividades ligadas ao mundo virtual do que as que envolvem relações sociais, que negam convites para festas e que ficam teclando a noite toda são viciados em potencial.

“Em geral, isso ocorre quando ele está passando por um momento em que se sente diminuído, inseguro ou fraco, pois a Internet é um local onde o jovem pode se manifestar sem se sentir criticado e até se realizar criando uma auto-imagem diferente da sua realidade”, justifica Abreu.

Para se libertar do vício, o internauta deve identificar os motivos que o levam a passar tantas horas na rede. Para Abreu, embora não seja considerado um transtorno psiquiátrico, a dependência é um problema real e crescente.

O tratamento no Hospital das Clínicas consiste em encontros semanais de psicoterapia em grupo. As inscrições permanecerão abertas até que se complete o grupo, pelo telefone 3069-6975.

USO

O estudante de Santo André Bryan Picone, 13 anos, não se considera um viciado em Internet e sempre se policia para não extrapolar nos horários. “Fico no máximo duas horas por dia. Procuro fazer outras coisas para não ficar o dia todo no computador”, afirmou.

A opinião é compartilhada pela atendente e estudante Amanda Ellen, 15 anos.




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