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Barrados no exterior: o drama dos brasileiros rejeitados lá fora
Por Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
11/11/2007 | 07:12
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O drama da auxiliar administrativa Flávia Mansão do Nascimento, 27 anos, de Santo André, que gastou R$ 3.000 com passagens aéreas para Portugal e acabou sendo enviada de volta sem sequer provar um pastelzinho de Belém, ressuscitou a polêmica sobre os inadmitidos: turistas que, por preconceito das autoridades ou falta de algum documento, têm a entrada em determinado país recusada já no aeroporto.

Assim que chegou em Lisboa, a brasileira – que havia passado três meses planejando o roteiro – foi barrada pelo SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), sob acusação de ter viajado para se prostituir.

A andreense passou quatro dias detida em um alojamento e foi enviada de volta ao Brasil sem qualquer esclarecimento. “Fui humilhada e tratada como prisioneira”, reclama.

AMAZON 2 - Casos como o de Flávia são cada vez mais comuns. De acordo com a Polícia Federal, só o aeroporto de Guarulhos recebe cerca de 20 deportados ou inadmitidos por dia, podendo chegar a 60 conforme a data.

E a tendência é de que esse número se eleve com o aumento no controle de entrada de estrangeiros. Em março, a União Européia mandou de volta mais de 400 brasileiros por meio da Operação Amazon 2, uma espécie de pente-fino nos aeroportos do continente.

Os motivos vão desde a falta do seguro de saúde ou da quantia em dinheiro exigida até uma simples desconfiança, mesmo que sem provas, de que o brasileiro esteja viajando com o intuito de trabalhar ilegalmente.

CONSTRANGIMENTO - Alguns até conseguem entrar, mas só depois de muito constrangimento. Foi o que aconteceu com Amanda Harrison, 28 anos, de São Bernardo. Três anos atrás, ela viajou para a Inglaterra com o pai, que é inglês, e a irmã mais nova, na época com 10 anos.

“Eu e minha irmã fomos barradas pelo guarda, que se recusava a aceitar o fato de que tínhamos pai igual e mães diferentes. Aguardamos uma hora até meu pai provar que era cidadão britânico”, lembra.

Já a analista de sistemas Cristiane de Freitas, 23 anos, de São Bernardo, só passou pela imigração lusitana depois que o português com quem namorava – e que fora ao aeroporto buscá-la – assinou um termo de responsabilidade.

“Eles conferiram o dinheiro, a identidade, mas resolveram me segurar porque muitos brasileiros estavam indo ao país para se prostituir ou trabalhar ilegalmente. Não discordo de haver esse controle, mas achei ruim o fato de eu estar com tudo em ordem e ser discriminada. Só me liberaram porque meu ex-namorado estava lá, era advogado e português”, diz Cristiane.



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