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Casal aguarda há um ano por consulta com oftalmologista

Com glaucoma, Carlos Alberto Prasse e Vera Lucia,
que tem problemas de visão, usam a UBS Demarchi

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
28/02/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Ficar um ano à espera de uma consulta médica, como aconteceu com a paciente Dalva Nogueira, 66 anos, que aguardava atendimento psiquiátrico em São Bernardo, não é caso isolado na rede de Saúde da cidade. No dia 26, completaram-se 365 dias que o casal Carlos Alberto Prasse, 59 anos, e Vera Lucia Waldenmeier Prasse, 56, entregou o pedido do clínico geral com o encaminhamento para passar com um médico oftalmologista, na UBS (Unidade Básica de Saúde) Demarchi, em bairro de mesmo nome.

Prasse tem glaucoma, doença que se desenvolve quando o nervo ótico sofre lesões em razão de aumento da pressão intraocular. O glaucoma crônico, tipo mais comum da síndrome, exige o uso de colírios por toda a vida, já que não tem cura. O paciente precisa ser mantido sob controle ininterruptamente, pois, se não for tratado adequadamente, a enfermidade pode levar à cegueira.

Sem acompanhamento, ele segue fazendo uso do colírio habitual. “Pode até estar prejudicando, mas não estou percebendo”, disse. Usuário frequente da UBS, por se consultar com outros especialistas, no mês passado ele indagou a atendente da unidade sobre a demora em conseguir um agendamento com o oftalmologista. “Ela respondeu que leva, em média, de nove a dez meses. Perguntei se era normal (a demora) e ela falou que é, mas, poxa vida, é normal ter de fazer uma consulta e demorar mais de um ano para conseguir?”, questionou, indignado.

“Acho um descaso com uma doença tão grave que pode cegar a pessoa. Mesmo assim, acham normal a demora do atendimento”, reclamou a mulher de Prasse. Com a visão turva mesmo usando óculos, no dia 26 de fevereiro do ano passado Vera Lucia também entregou solicitação de consulta com o oftalmologista e aguarda, desde então, a oportunidade juntamente com o marido.

De lá para cá, ela convive constantemente com dores de cabeça por forçar a visão e sente o problema aumentar, o que já a fez parar de realizar certas atividades. “Fazia tricô para vender e parei porque não tenho mais condições. Falei outro dia para um clínico geral sobre a demora e ele respondeu: ‘Fazer o quê, esse é o sistema de Saúde de São Bernardo, a senhora vai ter que aguardar, não posso fazer nada’”, contou.

Procurada para comentar a situação, a Prefeitura de São Bernardo, por meio da Secretaria de Saúde, informou que o atendimento em oftalmologia é realizado por dois serviços de referência estadual, que são os AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) de Santo André e Mauá, com a oferta de 500 vagas mensais. “Para minimizar essa deficiência, São Bernardo mantém serviço de oftalmologia na Clínica de Especialidades Médicas, que oferece mensalmente 1.100 vagas, quantidade superior à disponibilizada pelo Estado, mas ainda insuficiente para atender toda a demanda”, argumentou a administração.

O Executivo ressaltou que “a oftalmologia é uma das especialidades com maior demanda reprimida em todo o País” e “é por essa razão que o Ministério da Saúde prepara o lançamento de um novo programa, o Mais Especialidades, sendo que uma das prioridades é exatamente a oftalmologia.”

A Secretaria de Saúde afirmou ainda que todos os casos de urgência e de maior gravidade na área são atendidos pelas vagas existentes atualmente. 




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