Cultura & Lazer Titulo Em Veneza
Striptease para Clooney
09/09/2009 | 07:00
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George Clooney vem todo ano a Veneza. E o espetáculo se repete: constrangimento nas coletivas de imprensa. Não é culpa sua se as jornalistas se atiram sobre ele, tanto que ninguém se espanta mais.

Veio este ano com a comédia The Man Who Stare the Goats e ninguém estranhou quando uma repórter espanhola introduziu sua pergunta com um "I love You, George". Mas o que se viu a seguir foi inusitado, mesmo para os já calejados frequentadores da Mostra. Um rapaz pegou o microfone e proclamou a quem pudesse se interessar: "Eu sou gay". Ato contínuo, começou a tirar a roupa. Ficou de cueca e gravata na sala de coletivas.

Na cueca branca lia-se a inscrição, em vermelho, "Choose me, George" (me escolha, George). Depois circulou o rumor que o rapaz faria parte de uma espécie de CQC local.

Pode ser. Mas o fato de essas pessoas terem acesso a um lugar de trabalho mostra bem o tipo de impasse que Veneza enfrenta.

Sentem-se obrigados a se equilibrar entre a cinefilia mais ortodoxa e o exibicionismo mais rasteiro, e precisam rezar para que, nesse dilema entre acender uma vela a Deus e outra ao diabo, não venham a perder a alma no final da história.

Sobre o filme de Clooney, dirigido por Grant Heslov, há pouco que dizer. Exceto que é uma comédia razoavelmente divertida, que ironiza o militarismo e a guerra. Um pouco (mas sem sombra do talento de Altman) na linha de Mash, que o diretor confessa tê-lo influenciado.

Limitado que seja, a plateia gostou bastante, até porque esse tipo de filme comercial funciona como refrigério em uma mostra cerrada como a de Veneza, cheia de obras exigentes para com o público.

Dentre esses filmes, os franceses, tidos aqui como cerebrais e cheios de mensagens, como White Material, de Claire Denis, e 36 Vues du Pic de St. Loupe, a misteriosa obra de Jacques Rivette, que tem desconcertado público e crítica.

Outro concorrente que causou boa impressão foi o israelense Lebanon (Líbano), drama de guerra passado quase em tempo integral no claustrofóbico interior de um tanque.

O diretor Samuel Maoz, que viveu a experiência traumática de Guerra do Yom Kipur, disse que queria passar à plateia a sensação física da guerra, o pânico do combate, com o pouco tempo de reflexão que se tem naquela situação. Conseguiu, num trabalho de edição sonora bastante sofisticado.

Deve-se registrar a estreia do segundo filme italiano em competição, o drama Lo Spazio Bianco, de Francesca Comencini. Margherita Buy interpreta a mulher de meia idade que se vê grávida depois de aventura passageira e dá à luz um bebê prematuro. Não é grande e nem inova, mas é correto.




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