Há mais de dois anos em cartaz em São Paulo, "A Alma Imoral" prolonga a temporada até agosto. Desta vez no Teatro Augusta. O monólogo protagonizado por Clarice Niskier é adaptado do livro homônimo do rabino Nilton Bonder e garantiu à atriz o Prêmio Shell de atuação em 2007.

"Não existe traição sem tradição assim como não existe tradição sem traição", é o mote principal do livro, em que o Bonder utiliza conceitos judaicos para explicar os significados de corpo e alma. Para o rabino, o corpo que preserva e a alma que trai são responsáveis pelos processos mais importantes da existência humana: a reprodução e a evolução.

Clarice, no palco, simplifica a proposta. Coberta por um pano preto, que vira oito vestes que representam culturas diversas, ela explica os conceitos do livro por meio de parábolas: o certo e o errado, a obediência e a desobediência, as fidelidades e as traições.

A proposta nasceu de um encontro casual entre a atriz e o escritor. Em um programa de TV, Clarice explicou que era de origem judaica e que havia se aproximado, através do teatro, do budismo, dizendo então que era judia-budista. Uma telespectadora enviou um fax ao programa dizendo que ou ela era "bem judia ou bem budista", que a mistura dos dois não existia.

A apresentadora, então, conversou com Bonder, que acolheu a opinião de Clarice. Disse que o budismo poderia fazê-la compreender melhor o judaísmo e presenteou-a com um exemplar de A Alma Imoral. A atriz o leu e sentiu que suas ideias - o que ela queria dizer e não sabia como - estavam traduzidas em palavras. Daí, a adaptação, que demorou dois anos para ganhar os palcos e já está em cartaz há mais de quatro anos.

A Alma Imoral - Teatro. No Teatro Augusta - Rua Augusta, 943, São Paulo. Tel.: 3151-4141. 6ª, às 21h30; sáb., às 21h e dom., às 19h. Ingr.: R$ 50. Até 1º de agosto.