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Peça 'Alma Despejada' estreia nesta quarta-feira na Capital

Irene Ravache comemora 75 anos de vida e 56 de carreira com o solo ‘Alma Despejada’

Por Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
16/09/2019 | 07:23
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Joçao Caldas/Divulgação


Teresa é uma senhora de 70 anos que, depois de morta, volta à casa em que morava. Ao chegar, nota que o imóvel foi vendido. Uma vez com a alma fora da matéria, consegue rever sua trajetória, lembrar histórias e pessoas importantes com quem conviveu naquele espaço nostálgico, de maneira poética e bem-humorada.

A personagem em questão foi ‘desenhada’ por Andréa Bassitt na imagem de Irene Ravache, que estreia quarta-feira, às 21h, o solo Alma Despejada, no Teatro Porto Seguro, em São Paulo. Com direção de Elias Andreato, a montagem comemora os 75 anos de vida da atriz e também os seus 56 anos de carreira.

“Quando a Andréa me mostrou o texto, li e fiquei muito interessada, porque reunia tudo que eu gostaria de falar. Principalmente de memórias, que são dela (autora), mas podiam ser de qualquer um. O texto é muito amplo neste sentido. Queria muito algo que falasse sobre o País e tem esse tema também inserido na peça. Esperei ainda um tempo, porque estava gravando novela, mas a hora chegou”, diz Irene.

As memórias às quais se refere Irene são visualizadas por Teresa que, diante de sua própria vida, uma vez que já partiu, entende o sentido de sua existência. “ É como se precisássemos abandonar a matéria para sermos conscientes de nós mesmos. A psicanálise e o teatro estabelecem este mesmo jogo”, revela Elias Andreato.

A personagem é uma professora de classe média, apaixonada por palavras, que teve dois filhos com Roberto, homem simples, trabalhador, que se tornou um empresário bem-sucedido e colocou sua família no ranking de uma classe média emergente. “Ela é uma mulher muito comum. Parecida com nossas tias, nossas avós. Na sua reflexão ela diz: ‘Fui muito mais dona de casa que dona de mim’. Apesar de ser professora, gostaria de ter seguido a carreira literária, mas ficou insegura para isso. Tem uma frase linda no texto que ela diz se referindo a dois personagens: ‘Com o tempo eles vão se acertar, a vida serve para isso, para nos acertarmos’”, adianta Irene.

O mesmo aconteceu em sua vida. Mãe de dois, Hiram e Juliano, as coisas entre Irene e eles só se acertaram com o tempo. “Mãe tem uma coisa: pode ter a idade que for o filho, deu aquela trovoada, sempre se pergunta ‘onde está meu filho?’ Continuo me perguntando isso. Mas estou muito bem resolvida com eles. O mais velho tem 54 e o mais novo, 46. Isso só foi possível com o tempo, que colocou as coisas em seus devidos lugares. Hoje somos muito bons amigos e isso é uma bênção.”

Quanto à carreira, que agora chega aos 56 anos, a atriz diz que seu ofício foi feito para ‘apagar incêndios’, inclusive porque a cultura é sempre um setor que tem de debater e enfrentar a realidade do País, que nem sempre é a melhor, como vemos atualmente. “Somos uma espécie de Corpo de Bombeiros. É sempre assim: ‘O que temos para hoje? Por mais que a gente converse, debata, tem uma hora que tem de entrar em cena e nem sempre ‘o que a gente tem para hoje’ é algo palatável. Às vezes a gente se surpreende com a reincidência das coisas (censura), mas continua dizendo ‘o que tem para hoje?’. Apesar de tudo sou muito otimista.”

Alma Despejada – Peça. No Teatro Porto Seguro – Al. Barão de Piracicaba, 740. Até 28 de novembro, de quarta e quinta, às 21h. Ingressos: de R$ 60 a R$ 70, à venda em www.tudus.com.br.  




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