Os protagonistas competem a Kingsley e a Jennifer Connelly. Ele, um ex-militar iraniano de alta patente chamado Behrani, em asilo nos Estados Unidos com a mulher (Shohreh) e o filho adolescente (Jonathan Ahdout), refugiados do Irã. Compra uma casa em leilão público por um quarto de seu valor venal. Pensa no imóvel como um negócio, que pode render-lhe quatro vezes a quantia que desembolsou. Por sua vez, a residência foi tomada de Kathy (Jennifer), faxineira que sonegou impostos correspondentes à construção. A inadimplência custou-lhe o lar que herdou do pai, morto recentemente.
Perelman instala-se nessa diferença de acepções dos sujeitos sobre o mesmo objeto. Para Behrani, a casa é um investimento que representa o começo do itinerário rumo à vida ostensiva que gozava no Irã. Para Kathy, é o assentamento de reminiscências que legitimam sua existência, paredes que guardam o que ela foi e não é mais (pois perdeu pai e marido desde então). Agora sobra-lhe o envolvimento com um policial truculento e casado (Ron Eldard).
O duelo instala-se entre a afeição e o capitalismo, entre a identificação familiar e a especulação monetária em torno dela. A ambiência de Perelman é vaga, calculista, estável demais no fogo cruzado entre o torpor da desesperada Kathy e a autoconfiança do convicto Behrani. Em boa parte de Casa de Areia e Névoa, falta o elã da tragédia que arremata a obra.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.