Memória Titulo
O secretário responde. E generaliza

O prédio do Nosso Bar, no coração histórico de Santo André, necessita menos de palavras bonitas

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
06/12/2009 | 00:00
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O prédio do Nosso Bar, no coração histórico de Santo André, necessita menos de palavras bonitas e tecnocratas e mais, muito mais, de ação firme e concreta do poder público.

* * *

Edson Salvo Melo, secretário de Cultura, Esporte e Lazer de Santo André, enviou mensagem eletrônica à Memória. Mesmo sem citar diretamente o sobrado histórico localizado na Avenida Queirós dos Santos, esquina com a Rua Bernardino de Campos, ele reporta-se ao artigo que abriu esta página na edição de quarta-feira, 2 de dezembro: Um pedido ao prefeito Aidan. Qual o pedido? Que o prefeito influísse com a sua força de chefe de Executivo para ajudar na conservação de um prédio que é particular, sim, mas que sintetiza a origem histórica do atual município de Santo André.

Analisar, zelar. Ok, mas como conservar?

Texto: Edson Salvo Melo

Possuímos em nossa cidade um organismo sério, com pessoas comprometidas e possuidoras dos conhecimentos específicos de suas respectivas áreas no apoio à preservação dos patrimônios de Santo André. Trata-se do Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André), que teve sua eleição realizada há poucos dias, momento em que os membros da sociedade civil puderam escolher seus representantes.

Temos uma grande preocupação, como poder público municipal, com a preservação de nossa memória. Os funcionários da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, juntamente com o corpo técnico do conselho e de seus representantes, têm a missão de analisar e zelar para que a história de Santo André seja conservada.

Para isso, é necessário diferenciar as ações de tombamento da desapropriação. O ato de tombamento implica apenas na conservação do patrimônio da forma como ele está e não resulta, portanto, em uma intervenção pública para que este patrimônio seja restaurado ou venha a ter uma aplicação pública. Muitos patrimônios alvo de tombamento são de propriedade particular, o que imputa ao proprietário a responsabilidade do zelo e da conservação e permite-lhe a utilização que melhor lhe aprouver.

Já a desapropriação de um bem tombado transfere ao poder público dupla obrigação: de não apenas restaurá-lo e conservá-lo, como também de dar-lhe uma utilidade maior e mais nobre. Este método, indiscutivelmente, gera gastos ao orçamento municipal pela desapropriação, restauração e reestruturação para a nova aplicação do espaço e, principalmente, pela manutenção do patrimônio e das possíveis atividades que poderão ser realizadas no local.

Um triste exemplo de degradação na cidade é o Cine-Teatro Carlos Gomes. O governo Aidan Ravin tem o compromisso de revitalizar este importante e histórico espaço público, que por mais de dez anos encontra-se sem uso e em acelerado estado de deterioração na região central da cidade.

Por isso, apesar de concordarmos que muitos imóveis em Santo André possuam características arquitetônicas e históricas que justifiquem seus tombamentos, concordarmos também que esses patrimônios devam ser cuidados para que as gerações futuras possam desfrutar a beleza e a importância, utilizando a ótica de que este cuidado não cabe apenas ao poder público, mas também à população, que deve respeitar sua história, e aos proprietários, que precisam defender esses imóveis da ação nociva do progresso e do tempo.

O Comdephaapasa recebe periodicamente dezenas de solicitações para tombamentos. Os pedidos são cuidadosamente analisados em diversas instâncias para receber um parecer final optando ou não pelo tombamento, que, em caso positivo, é homologado pelo prefeito. O imóvel citado na coluna de quarta-feira pode ser alvo dessa análise.

Temos certeza que não falta ao nosso governo sensibilidade para tais questões. Devemos procurar meios para que os imóveis históricos consigam de forma sustentável manter suas características originais com aplicações compatíveis e, principalmente, sem o prejuízo do descaso e da degradação dos anos. De qualquer forma, fica nossa intenção em estudar esses caminhos.

NOTA DE MEMÓRIA

Em vez de blá-blá-blá, o que queríamos ouvir da Prefeitura de Santo André era uma posição nos seguintes termos, ou próximos deles: "Sim, a Prefeitura considera o sobrado do Nosso Bar um patrimônio da cidade e está disposta a conversar com seus proprietários para que o prédio volte a brilhar e a orgulhar esta área central deteriorada." Queríamos ouvir isso da boca do prefeito Aidan Ravin. Seu auxiliar respondeu burocraticamente. Expôs conceitos teóricos conhecidíssimos. Generalizou. Tocou levemente, quase se esgueirando, no ponto central focalizado: o sobrado da Avenida Queirós dos Santos, esquina com a Rua Bernardino de Campos.

O que o missivista provavelmente não sabe é que se trata de um bem singular, com uma história de 100 anos a serem completados em 2014. Estivemos com os proprietários na quarta-feira e observamos que a família Freire luta com dificuldades para manter aquele bem - internamente foram concluídos trabalhos importantes; agora a preocupação volta-se para a parte externa. Mas faltam recursos.

Nesta semana falaremos mais do casarão, utilizando excelente material iconográfico guardado pela família. A esperança é que, a partir das próximas edições, acompanhando a página Memória, o governo municipal se preocupe mais objetivamente em conhecer a história do imóvel e a receber a família Freire para discutir uma parceria que possa garantir às futuras gerações um pouco da sua história.

Mais do que uma resposta genérica, nós esperamos uma visita oficial ao imóvel, uma conversa com esta família que adquiriu o casarão em 1948 e o preserva até hoje sem qualquer colaboração do poder público. Essa colaboração é solicitada agora, claramente, sem subterfúgios. Que ela não falte e venha com objetividade.

NEWS SELLER

Domingo, 6 de dezembro de 1959

Transportes - Prejuízos de 300 milhões de cruzeiros forçam Estrada de Ferro Santos-Jundiaí a majorar as tarifas.

Rádio - Hoje, às 11h30, na Rádio Cacique, de São Caetano, Audições NS, com músicas eruditas. Apresentação de Odayr José e Guido Fidelis.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS

Quinta-feira, 6 de dezembro de 1979

Santo André - Escola Estadual do Jardim Cristiane sofre depredação.

Diadema - Problema com água gera ato público dos moradores dos Jardins Inamar e Sapopema.

Futebol - Ontem à noite em Araraquara: Santo André 0, Marília 2, na primeira partida melhor de quatro pontos que vai definir o 20º integrante da Divisão Especial em 1980.

Editorial - O fim da aposentadoria por tempo de serviço

Primeiro Plano (Eduardo Camargo) - A confiança da General Motors no Brasil.

HOJE

Dia do Casal, Dia da Finlândia e Segundo Domingo do Advento.

SANTOS DO DIA

Dionísia, Majórico e companheiros: Leôncia, Nicolau de Mira (ou de Bari) e Pedro Pascásio (ou Pascoal).

EM 5 DE DEZEMBRO DE...

1916 - Noêmia de Oliveira Fabbrini nasce em Piraporinha, então município de São Bernardo, hoje Diadema, filha de João Paulo de Oliveira e Maria Pires de Araújo, gente antiga do lugar. Foi casada com Homero Fabbrini e teve três filhos, Adão, João e Nice. Faleceu em Piraporinha, em 2001, deixando netos, bisnetos, sobrinhos e um irmão, João Baptista de Oliveira.




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