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Expedição Billings

Aos 93 anos, represa está longe de ter boas condições; pela 4ª vez, pesquisadores vão analisar a água

Por Bia Moço
02/04/2018 | 07:15
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Denis Maciel/DGABC


A Represa Billings, um dos principais mananciais da Região Metropolitana de São Paulo e que completou 93 anos no último dia 27, recebe a partir da próxima segunda-feira a expedição que avalia a qualidade de suas águas. Será a quarta edição do estudo, iniciativa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), por meio do projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos), em parceria com a ProMinent.

A novidade para este ano é que a equipe poderá avaliar também o fundo do manancial, com garrafa desenvolvida para coletar a água que fica parada na parte de baixo do resevatório. O equipamento pode atingir até 30 metros de profundidade. “A pesquisa de fundo será para colher a genética de bactérias que vamos encontrar. Até o ano passado colhemos material só da superficie, mas agora, em alguns pontos, vamos colher a parte de baixo também para ter um diagnóstico mais minucioso da situação da água”, explica a bióloga, especialista em recursos hídricos e coordenadora do projeto IPH/USCS, Marta Ângela Marcondes.

A avaliação segue o padrão e engloba 19 parâmetros, distribuídos em aspectos físicos, químicos, microbiológicos, socioambientais e climáticos. A pesquisadora ressalta que a equipe precisa verificar se ainda ocorrem ocupações irregulares no entorno da represa. No entanto, o problema maior está no esgoto despejado sem tratamento e o lixo comum encontrado às margens da represa.

A equipe de reportagem do Diário visitou trecho da represa e verificou que, além do cheiro forte de esgoto, há muito lixo espalhado, principalmente na Prainha do Riacho Grande. “A Billings precisa de muitos cuidados. Mas também falta conscientização ambiental da própria população. Infelizmente temos um rico equipamento que há anos não chega nem perto de estar em boas condições de uso”, lamenta Marta Marcondes.

A expectativa é que em sete semanas o eco-esportista Dan Robson, do ProMinent, percorra 460 quilômetros da represa para coletar amostras da água em 165 pontos. Do total que será avaliado, 105 pontos estão em território de São Bernardo, 37 na Capital e o restante dividido entre Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Os resultados serão divulgados semanalmente.

Para pesquisadora, Pró-Billings traz esperança à represa

A bióloga Marta Ângela Marcondes acredita que o Programa Pró-Billings, autorizado em dezembro pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), pode ser a esperança da represa. A obra de esgotamento sanitário será realizada pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e prevê intervenções para coleta, afastamento e tratamento de esgoto na região do Grande Alvarenga.

“Nesse projeto terá um esquema de coletores-tronco que sai de São Bernardo e vai até ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) ABC. Vamos monitorar isso. Temos de ver qual será a eficiência e como vai funcionar.”

Segundo a especialista, em conversa com o prefeito, ela disse que não deixará de estar presente durante todo o planjamento e execução do projeto. “Temos uma pesqisa histórica que terá, ao todo, dez anos. Vamos ficar mais seis anos realizando expedições no reservatório, portanto, acompanharemos tudo para ver se realmente esses avanços do Pró-Billings vão acontecer. Se sim, vamos perceber isso na qualidade da água.”

Conforme publicado pelo Diário na última semana, o Pró-Billings deve beneficiar diretamente 250 mil famílias de São Bernardo. O trabalho, nesta primeira etapa, tem investimento de R$ 89,4 milhões. O valor será destinado à construção de 34 estações elevatórias para bombeamento de esgoto, assentamento de 51 quilômetros de redes coletoras, 9,5 quilômetros de coletores-tronco (tubulações de grande porte) e 8.000 ligações domiciliares. A obra permitirá que o esgoto coletado na região seja levado para a ETE.




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