Setecidades Titulo Diadema
Lauro fecha entrada de terminal

Ação foi em protesto contra cobrança de R$ 1
para integração em Diadema a partir de domingo

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
06/01/2017 | 07:00
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


 O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), usou, ontem, o próprio carro oficial, um Toyota Corolla modelo 2013, de placa EHE 7888, para fechar a passagem dos ônibus e trólebus no Terminal Centro. O ato foi em protesto contra a cobrança de R$ 1 para a integração dentro dos terminais – Central e Piraporinha – a partir do domingo, anunciada pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos). A manifestação durou quatro horas e paralisou a circulação das linhas municipais e intermunicipais, inclusive dos trólebus do corredor ABD, que liga Santo André, São Bernardo e Jabaquara, na Capital.

Por volta das 11h, Lauro estacionou o veículo atravessado no corredor de trólebus e, em cima do caminhão de som, criticou o que chamou de “medida rasteira” do governo do Estado. O verde reclamou da falta de diálogo com o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni. Um segundo carro, dos seguranças do prefeito, também parou na via.

“Isso (decisão de cobrança da integração) foi um rodo na população e em mim. Como que o prefeito não fica sabendo de uma decisão como esta? Tomei conhecimento da mesma forma que a população, pela Internet. Ninguém teve a ombridade de me comunicar que haveria a cobrança da integração. As pessoas seriam pegas de surpresa”, criticou Lauro.

Durante o protesto, o prefeito avisou que só liberaria a via quando o governo estadual – do qual é aliado – entrasse em contato aceitando negociar a taxação da baldeação, gratuita no município há 20 anos. Isso só ocorreu por volta das 15h, quando o secretário da Casa Civil, Samuel Moreira, ligou para Lauro agendando encontro para hoje. A reunião ocorrerá no Paço, às 10h.

Por conta do acesso inviabilizado ao terminal durante o protesto, o embarque e desembarque dos passageiros foi improvisado fora do espaço, na Avenida Conceição. Porém, os usuários que embarcaram nos ônibus operados pelas empresas Benfica e Mobibrasil não puderam usufruir da gratuidade para a baldeação e tiveram de pagar nova passagem, de R$ 3,80. Ao Diário, as companhias alegaram que, por conta do fechamento do terminal, não era possível identificar os usuários da integração.

“Me sinto humilhada e constrangida. Agora, vou ter de pagar novamente, mas não tenho dinheiro, só uso o cartão Bom”, reclamou a carteira Patricia Aparecida da Silva, 26 anos, que seguia do bairro Piraporinha para Jabaquara. Impossibilitada de continuar a viagem, ela resolveu voltar para casa. A bilhetagem eletrônica em Diadema é feita por meio do cartão Sou (Sistema de Ônibus Urbano).

A auxiliar de limpeza Gabriela Ramos da Silva, 28, teve de ligar no trabalho, um supermercado localizado no Jabaquara, para avisar que não conseguiria chegar em tempo. “Não sei se vou trabalhar, porque não sei se vou conseguir embarcar”, lamentou.

Comandante da PM (Polícia Militar) no Grande ABC, o coronel Marcelo Cortez Ramos de Paula disse que os policiais negociaram com secretários do prefeito a liberação da via. Justificou que qualquer medida extrema causaria mais tumulto. A GCM (Guarda Civil Municipal) também acompanhou o ato, mas não interveio.

“Tanto o direito de manifestar quanto o direito de ir e vir é assegurado pela Constituição. O protesto pode ocorrer, desde que seja minimamente organizado”, avaliou Luiz Tarcísio, professor de direito constitucional da PUC-SP.

Além dos dois terminais de Diadema, outros três espaços da Região Metropolitana – São Mateus, Capão Redondo e Campo Limpo – passarão a cobrar taxa de acesso, que varia de R$ 1 a R$ 1,62.

 

Secretário cogita revogar aumento caso Diadema assuma custos

 

Secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni admitiu, ontem, que pode rever a cobrança da taxa de R$ 1 para usuários que realizam integração nos Terminais Piraporinha e Diadema. Conforme ele, basta que o prefeito Lauro Michels (PV) assuma custo anual de R$ 6,8 milhões gerado pelo modelo, que já dura mais de 20 anos.

Pelissioni também criticou o protesto feito ontem pelo prefeito em frente ao Terminal Diadema, considerando a ação “barraco”. “Não vai adiantar em nada, a não ser bloquear a passagem dos coletivos”, apontou. O secretário estadual reforçou ainda a possibilidade de diálogo entre os governos. “Nós, infelizmente, já não conseguimos arcar com o custo de R$ 6,8 milhões por ano com essa integração gratuita. No entanto, me coloco à disposição para conversar com o prefeito de Diadema para negociar solução para o impasse. Se ele conseguir arcar com esse custo, podemos revogar (a medida). Tudo é questão de diálogo. E ele já foi convidado para conversar”, declarou Pelissioni.

Segundo o secretário, o prefeito Lauro recebeu, na segunda-feira, ofício estadual sobre o início da tarifa de acesso.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;