O médico Desiré Carlos Callegari foi reconduzido ao cargo de superintendente do Hospital Estadual Mário Covas – localizado em Santo André – sem alarde ou publicidade sobre o processo de reeleição. A partir de início do ano que vem, ele ficará por mais cinco anos no posto de comando do equipamento público, que, saturado, depois de 15 anos da inauguração, acumula gargalos no atendimento. O dirigente iniciou o mandato em janeiro de 2012, sucedendo Geraldo Reple Sobrinho, portanto, seguirá para dez anos à frente da unidade. A escolha acontece, em novembro, por meio de conselho curador, que vota nas indicações colocadas para a função.

Com pouca transparência no processo, Desiré conquistou a disputa interna, apesar de contestações levantadas ao seu nome ao longo do mandado, principalmente de fora por não dirimir velhos problemas apontados, como filas de espera por procedimentos operatórios, com 3.016 pacientes, e na farmácia de alto custo, que gira em torno de três a quatro horas, diariamente. O superintendente tem orçamento estimado em R$ 178 milhões no hospital, custeado pelo governo do Estado e administrado pela FUABC (Fundação do ABC), organização social de Saúde. O equipamento conta com 2.500 profissionais. No ano passado, a unidade recebeu R$ 3 milhões em investimento para aprimorar os serviços.

O próprio superintendente admitiu, no ano passado, a situação difícil vivenciada pelo hospital devido a “demanda (de pacientes) infinita”, indicando a necessidade de unidade similar ao Mário Covas para conseguir suprir a procura da região. As tentativas de construção de complexo de grande porte em Ribeirão Pires não avançaram e o suporte prometido pelo Hospital de Clínicas de São Bernardo ainda não surte efeito. Além destes problemas, a proposta de descentralização da farmácia de alto custo do equipamento continua sem sair do papel, dando dor de cabeça aos usuários. O equipamento de Saúde estadual realiza média anual de 170 mil consultas, além de 11 mil internações.

O comandante deve contabilizar mudanças no corpo diretivo do Mário Covas. Há informações de que o superintendente já sinaliza estudo por outros quadros na próxima composição, entre eles no posto de adjunto, hoje nas mãos de Eduardo Grecco, genro do ex-prefeito William Dib (sem partido), de São Bernardo, e de diretor clínico, atualmente ocupado por Vanderley da Silva Paula, cotado a assumir cargo na Prefeitura de Santo André, que será chefiada pelo prefeito eleito Paulo Serra (PSDB). Relatos, de bastidores, dão conta de que o nome de Desiré foi consultado junto aos novos chefes do Executivo para comunicar sobre a reeleição, questionando se haveria óbice.